Compre uma casa agora antes que os juros subam mais

As taxas de juro continuam a subir e muitos esperam que essa tendência se mantenha. Devo comprar já uma casa antes que os juros subam mais?

Algumas pessoas me têm colocado esta pergunta. E aqui há dias, vi uma reportagem num canal de televisão a falar sobre este assunto.

Aparentemente, muitos são aqueles que se estão a apressar a comprar já uma casa antes que as taxas de juro subam ainda mais. Conseguem, assim, contratualizar uma taxa de juro mais baixa que aquela que eventualmente venham a conseguir no futuro.

Será esta uma decisão correta?

Taxas fixas e taxas variáveis

aqui falámos sobre as diferenças entre contratar um crédito habitação com taxa fixa ou taxa variável.

Para que não haja qualquer dúvida sobre o significado de taxa fixa ou taxa variável, transcrevo o que consta do site do Banco de Portugal: “Nos créditos à habitação com taxa de juro variável, a taxa de juro do empréstimo resulta da soma de duas componentes: o indexante ou taxa de referência, que é a Euribor, e o spread. Nos empréstimos contraídos a taxa fixa, a taxa de juro do empréstimo mantém-se inalterada durante o prazo que tiver sido acordado com a instituição de crédito”.

Em Portugal, a maior parte dos contratos de crédito habitação estão indexados à Euribor a 6 meses ou a 12 meses. Segundo nota emitida pelo Banco de Portugal, “Ao contrário do que se verifica na área euro, em Portugal a grande maioria dos empréstimos à habitação têm taxa de juro indexada às taxas Euribor a 6 meses ou a 12 meses, o que implica que as taxas de juro dos contratos de empréstimos são revistas a cada 6 ou 12 meses, respetivamente”.

Significa isto que, apesar de haver a opção de contratualizar um crédito habitação a taxa fixa, a maior parte dos mutuários prefere a opção de taxas variáveis ou indexadas.

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Qual o valor atual das taxas de juro?

Segundo dados do INE, a taxa de juro nos contratos de crédito habitação firmados entre junho e agosto foi de 1,52%, representando uma prestação média de 445 euros mensais. O montante médio em dívida nesse mesmo período foi de 128.092 euros.

Como é possível observar pelo gráfico anterior, as taxas de juro para os novos contratos de crédito habitação têm registado uma subida bastante acentuada nos últimos meses. A expectativa do mercado aponta para uma manutenção desta tendência nos próximos meses.

Leia também “Até onde podem subir as taxas de juro?

Devo então comprar já?

De facto, as taxas de juro têm subido bastante. Como vimos, aliás, no gráfico anterior. Mas significa isso que quanto mais depressa comprar uma casa, mais baixo será o juro que irei pagar pelo empréstimo da mesma?

Se a maior parte dos contratos de crédito habitação são indexados, significa isto que um contrato de crédito habitação firmado hoje e indexado à Euribor a 12 meses, terá a sua prestação “fixa” por apenas 12 meses. Daqui por um ano, a prestação será revista em função da média mensal dessa mesma Euribor do mês anterior ao da revisão.

Ora, sendo previsível que as taxas de juro se mantenham numa tendência de crescimento, seja agora ou mais tarde, a prestação do crédito habitação irá aumentar. Pouca relevância terá contratualizar um crédito agora, na esperança de conseguir negociar uma taxa de juro mais baixa. Sendo a maioria dos contratos de crédito habitação firmados em Portugal indexados à taxa Euribor, os juros acabarão sempre por subir.

Por isso, não se apresse. Não é pelo facto de as taxas de juro continuarem a subir que vai fazer um melhor negócio agora, seja pela questão do preço da casa, seja pela questão da taxa de juro. Mesmo que as taxas de juro continuem a subir, agora conseguirá uma taxa eventualmente mais baixa, mas quando for revista, ajustará ao valor de mercado na altura.

Aquilo que o leitor deve estar focado é em saber exatamente qual o montante máximo de crédito que deve contrair, sem que isso represente um aperto no seu orçamento familiar, num contexto de subida de taxas de juro.

Bons negócios (imobiliários)!

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Gonçalo Nascimento Rodrigues é Consultor em Finanças Imobiliárias, tendo trabalhado em empresas como Ernst & Young, Colliers International e Essentia. É Coordenador e Docente numa Pós-Graduação em Investimentos Imobiliários no ISCTE Executive Education. Adicionalmente, exerce atividade de consultoria, prestando serviços de assessoria ao investimento imobiliário. Detém um master em Gestão e Finanças Imobiliárias e um master em Finanças, ambos pelo ISCTE Business School, além de uma licenciatura em Gestão de Empresas na Universidade Católica Portuguesa. É autor do blogue Out of the Box.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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