Com o custo de vida a subir e a afetar os orçamentos familiares, torna-se essencial adotar medidas práticas para se proteger-se da inflação.
Neste artigo, apresentamos dicas e estratégias que ajudam a preservar o seu poder de compra. Desde formas de poupança no dia a dia até sugestões de investimento, descubra como aumentar a sua folga financeira e reforçar a segurança em tempos de incerteza económica.
Planeamento de compras: A base para poupar todos os meses
Desde 2022, os preços dos produtos alimentares e essenciais têm subido de forma consistente. Com o orçamento mais apertado, muitas famílias procuram poupar nas compras de supermercado. E, para isso, o planeamento é a chave.
Planear as suas refeições e fazer uma lista de compras focada apenas naquilo que necessita pode parecer uma tarefa aborrecida. Porém, estas duas estratégicas são pilares para evitar o desperdício e poupar. Ao definir que alimentos e produtos precisa para uma semana, tendo em consideração o que tem na dispensa, evita ceder a compras por impulso. Logo, permite-lhe poupar um valor significativo por semana, por mês e ainda mais por ano.
Reduza os encargos e ganhe folga financeira
Vamos a um exemplo. Imagine que gasta 200 euros por semana no supermercado. Ou seja, 800 euros por mês. Caso as compras por impulso correspondam a 10% desse valor, por mês está a gastar 80 euros sem necessidade.
Agora, se planear rigorosamente as suas refeições, há a probabilidade de poupar, por exemplo, 5% na fatura mensal. Ou seja, aos 800 euros mensais que gasta atualmente, subtrai 40 euros e os 80 euros de compras por impulso. Esta é uma poupança de 120 euros por mês adotando estas duas estratégias. Se colocasse de parte esse valor todos os meses, no final do ano teria poupado 1.440 euros.
Promoções: Boas oportunidades quando bem aproveitadas
As promoções podem ajudar a poupar, mas é necessário saber avaliá-las. Compare sempre o preço por quilo ou litro e evite comprar produtos que não precisa só porque estão com desconto.
Suponha que compra oito latas de atum por mês, ao preço de 1,50 euros cada. Se encontrar o mesmo produto a 1,20 euros, está a poupar 0,30 euros por lata. Isto significa um total de 2,40 euros por mês. Agora aplique esta lógica a vários produtos e perceberá como os descontos certos podem gerar uma poupança mensal relevante.
Marcas brancas: Uma alternativa económica e de qualidade
Muitos supermercados oferecem marcas brancas com qualidade semelhante às marcas conhecidas. A diferença de preço pode ser significativa.
Se substituir cinco produtos por versões mais económicas e poupar um euro por cada um, estará a poupar 5 euros por semana. No final do mês, são 20 euros, o que representa 240 euros ao longo de um ano. Uma escolha simples, com impacto direto no orçamento.
Leia ainda: Um guia para poupar no supermercado: melhores compras, mais poupança
Rever encargos fixos: Cortes inteligentes sem perder qualidade
Com o aumento da inflação, é natural que certos serviços tenham ficado mais caros. No entanto, existem formas de poupar através da revisão de encargos mensais, como contas bancárias, telecomunicações, energia e seguros.
Leia ainda: Guia de poupança por áreas: Como poupar nos seus encargos essenciais
Comissões bancárias
Comissões bancárias podem representar um custo elevado. Se paga 20 euros mensais e mudar para um banco sem comissões, poupa 240 euros por ano. Mesmo que opte por uma solução com metade do custo, são 120 euros de poupança.
Pacote de telecomunicações
Pacotes de telecomunicações também oferecem margem de negociação. Se paga 75 euros por mês por um serviço de TV, Internet, Telefone e 1 cartão de telemóvel, pode encontrar ofertas semelhantes por 50 euros. Assim, poupa 25 euros por mês ou 300 euros anuais.
Contas de energia e gás
Na energia e gás natural, recorrer ao simulador da ERSE pode revelar fornecedores mais económicos. Uma simples mudança pode gerar uma poupança mensal de 5 a 10 euros. Se poupar 10 euros, ao final do ano são 120 euros.
Seguros: Ajuste sem complicações
Tem seguro automóvel, seguro de saúde e os seguros “obrigatórios” do crédito habitação (seguro de vida e multirriscos)? Se sim, a sua carteira de seguros tem um peso relevante no seu orçamento familiar.
Por isso, analise se as coberturas continuam ajustadas às suas necessidades. Se paga 400 euros mensais por todos os seguros, uma poupança de 10% representa 40 euros por mês, ou 480 euros por ano. Além de uma poupança anual, as suas apólices podem ficar com condições mais adequadas às suas necessidades.
Reduzir a prestação da habitação: Um passo decisivo para se proteger da inflação
A prestação do crédito habitação é, muitas vezes, o maior encargo mensal das famílias. Embora as taxas Euribor tenham começado a descer, os valores ainda são elevados face ao que se verificava há alguns anos.
Se nos últimos tempos não renegociou o seu contrato com o banco, pode estar a pagar um valor mais elevado do que as condições atualmente praticadas. E, neste caso, pode tentar melhorar as condições junto da instituição de crédito onde obteve o seu crédito habitação ou transferi-lo para uma nova entidade.
Caso tenha uma TAN de 3,6% e um spread de 1,5%, pode tentar renegociar com o banco. Reduzindo o spread para 0,8%, a TAN baixa para 2,9%. Com um crédito de 160.000 euros em 360 prestações, a prestação pode passar de 727,43 euros para 665,97 euros. Uma poupança mensal de 61,46 euros.
Da mesma forma, também pode transferir o seu crédito habitação, aproveitando algumas campanhas promocionais em vigor. Há bancos a praticar taxas mistas promocionais com um período fixo entre um a dois anos, com uma TAN de 2,6%.
Se optar por transferir o crédito para um banco com uma taxa mista de 2,6%, poderá reduzir a prestação para 640,54 euros. Neste caso, poupa 86,89 euros por mês e 2.085,36 euros durante dois anos de taxa fixa. Além disso, ganha previsibilidade e proteção contra flutuações.
Quanto ao aumento do prazo do contrato, este permite-lhe reduzir a prestação mensal. Contudo, vai tornar o seu crédito mais caro, pois vai pagar um valor mais elevado de juros no final do contrato.
Consolidar créditos: Simplificar e poupar
Os créditos pessoais e cartões de crédito com taxas até 19,1% são pesados para a sua carteira. Se tiver fracionado várias compras em dois cartões de crédito, tiver um crédito automóvel e um crédito pessoal, estes representam uma carga pesada, especialmente quando as taxas de juro estão elevadas. A consolidação de créditos pode ajudar a aliviar o orçamento.
Ao juntar todos os créditos numa única prestação com taxa mais baixa, pode reduzir o valor mensal em até 60%. Se atualmente paga 500 euros por mês, pode passar a pagar 300 euros (poupança de 40%). Uma folga de 200 euros, que ao final de um ano resulta em 2.400 euros poupados.
Nota: É importante lembrar que a consolidação pode alongar o prazo do empréstimo, aumentando o total de juros. Use a folga para amortizar o crédito e reduzir o custo final.
Reduza os encargos e ganhe folga financeira
Como investir para se proteger da inflação: Ativos que ajudam a preservar o poder de compra
A inflação corrói o valor do dinheiro. Se a taxa de inflação for de 2,4% e o seu investimento render 1%, está, na verdade, a perder dinheiro. Para evitar esta perda, é essencial procurar alternativas com rendimentos iguais ou superiores à inflação.
Alguns ativos são especialmente procurados em períodos de subida de preços. O ouro é tradicionalmente considerado um ativo-refúgio. Em períodos de incerteza, tende a valorizar, pois os investidores procuram ativos que preservem o valor ao longo do tempo.
O mesmo acontece com as obrigações indexadas à inflação, que ajustam os seus juros à evolução do Índice de Preços no Consumidor.
Setores como energia, petróleo ou mineração também costumam beneficiar da inflação, devido ao aumento dos preços das matérias-primas. Em 2022, vários fundos negociados em bolsa ligados a estas áreas registaram valorizações relevantes.
Investir de forma informada, respeitando o seu perfil de risco, é essencial para garantir que o seu património se mantém protegido da inflação.
Reforçar o fundo de emergência: Mais segurança, menos stress quando a inflação sobe
Um fundo de emergência é a primeira linha de defesa contra imprevistos financeiros. Serve para cobrir despesas inesperadas, como uma avaria no carro, uma despesa médica ou a perda temporária de rendimento. Com este valor de reserva, evita recorrer a crédito caro em momentos críticos e mantém a estabilidade financeira mesmo em tempos de incerteza, como acontece durante períodos de inflação elevada.
A recomendação mais comum é ter entre três a seis meses de despesas essenciais guardados. Para quem tem um orçamento mensal de 1.200 euros, isso significa juntar entre 3.600 euros e 7.200 euros. Mas não basta ter este dinheiro parado. Colocá-lo numa conta com juros superiores ou iguais à inflação é fundamental para não perder valor. Por exemplo, uma conta com um juro anual de 2,5% permite receber 125 euros por cada 5.000 euros, praticamente neutralizando uma inflação de 2,4%.
Mais do que um objetivo pontual, o fundo de emergência deve ser alimentado de forma regular. Guardar 100 euros por mês permite juntar cerca de 1.200 euros num ano. Com juros compostos, este valor sobe ligeiramente. Este hábito dá tranquilidade, reduz o stress financeiro e fortalece a saúde das finanças pessoais.
Num contexto de subida de preços, saber que tem um valor de reserva que se mantém atualizado com a inflação é uma garantia de maior segurança e menos sobressaltos no dia a dia.
Proteger-se contra a inflação exige ação
Enfrentar a inflação não depende apenas da evolução do mercado. Depende também da sua capacidade de agir com estratégia. Planear as compras, rever despesas fixas, negociar com o banco e investir de forma informada são passos fundamentais.
Com disciplina e foco, cada medida tomada pode traduzir-se numa folga maior, menos stress e mais estabilidade. Proteger-se contra a inflação é mais do que possível. É necessário para garantir tranquilidade financeira agora e no futuro.
A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.
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