O ano de 2023 arranca com taxas de juro em máximos de muitos anos. Será que estes níveis são para manter? O que esperar do novo ano?

O ano de 2023 inicia-se com uma realidade distinta daquela a que muitos estavam habituados: taxas de juro elevadas, face ao histórico recente. Este nível elevado de taxas de juro é para manter?

Como evoluíram as taxas de juro em 2022?

As taxas Euribor, que servem de indexante para cálculo das taxas de juro no crédito habitação em Portugal, registaram um forte crescimento ao longo do ano de 2022. No mês de janeiro, estavam ainda em terreno negativo, em dezembro acima dos 2% em todos os prazos acima dos 3 meses, tendo inclusive atingido os 3% no caso da Euribor a 12 meses.

Naturalmente, esta subida dos indexantes teve reflexo nas taxas de juro do crédito habitação. Segundo dados do INE, a taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito habitação fixou-se nos 1,597% em novembro de 2022, quase o dobro dos 0,801% registados em janeiro do mesmo ano.

O ritmo de aceleração das taxas de juro ganha maior relevo quando se analisam os novos contratos de crédito habitação, com um valor em novembro passado de 2,37%. Este nível de juros contrasta com os 0,79% de janeiro de 2022.

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Taxas de juro, altas ou baixas?

Na realidade, é justo perguntarmos: afinal, as taxas de juro estão altas ou baixas?

Numa perspetiva de um histórico mais recente, é por demais evidente que as taxas de juro estão altas, mais altas do que os valores que se têm vindo a registar nos últimos anos.

No entanto, olhando para um prazo mais longo e para a história dos indexantes, temos de concluir que as taxas de juro não estão assim tão elevadas. A média anual dos indexantes a 3, 6 e 12 meses encerrou o ano de 2022 a níveis abaixo dos registados em 2012!

Se compararmos com as médias do período entre 2001 e 2009, facilmente concluímos que estamos ainda longe desse patamar.

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Ano novo, taxas novas

É importante o leitor entender que o atual nível de taxas de juro muito provavelmente manter-se-á nos próximos tempos. O ritmo de subida dos indexantes em 2022 foi muito acentuado, com especial relevância para os últimos quatro meses do ano. A manutenção (ou acentuação da subida) dos atuais níveis nos indexantes levará, naturalmente, a um forte aumento da média anual em 2023, face a 2022, colocando assim as taxas de juro ao nível das praticadas há 15, 20 anos.

A decisão de contração de um crédito deverá assim ser mais ponderada. Acresce o facto de vivermos num cenário inflacionista, em que a grande maioria dos produtos e serviços consumidos registaram um forte aumento de preço.

Inflação, taxas de juro elevadas. Vieram para ficar em 2023.

Bons negócios (imobiliários)!

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Gonçalo Nascimento Rodrigues é Consultor em Finanças Imobiliárias, tendo trabalhado em empresas como Ernst & Young, Colliers International e Essentia. É Coordenador e Docente numa Pós-Graduação em Investimentos Imobiliários no ISCTE Executive Education. Adicionalmente, exerce atividade de consultoria, prestando serviços de assessoria ao investimento imobiliário. Detém um master em Gestão e Finanças Imobiliárias e um master em Finanças, ambos pelo ISCTE Business School, além de uma licenciatura em Gestão de Empresas na Universidade Católica Portuguesa. É autor do blogue Out of the Box.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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