Imagem onde um homem segura num telemóvel em frente do seu computador, com um ecrão de autenticação de dois fatores (2FA)

Num mundo onde vivemos cada vez mais online, confiar apenas numa palavra-passe já não é o suficiente: a autenticação multifator é uma das ferramentas mais importantes para proteger a sua vida digital.

As ameaças digitais evoluíram e os ataques dos cibercriminosos são cada vez mais sofisticados para roubar credenciais, explorar vulnerabilidades e aceder a informações sensíveis. Milhões de contas são comprometidas todos os anos devido a senhas fracas ou reutilizadas. Qualquer pessoa pode ser afetada: basta um clique num link malicioso ou uma palavra-passe fraca para comprometer a sua privacidade e as suas finanças.

É aqui que entra a autenticação multifator (MFA), uma camada extra de segurança que pode fazer toda a diferença. Se ainda não ativou este mecanismo, está a correr riscos desnecessários. Ao longo deste artigo, vamos explicar o que é, por que deve ativá-la já, como fazê-lo e que outras estratégias pode adotar para proteger as suas contas online.

O que é a autenticação multifator (MFA)?

A autenticação multifator, por vezes também chamada de autenticação forte ou verificação de duas (ou mais) etapas, é um método que exige dois ou mais fatores para confirmar a sua identidade. Em vez de depender apenas de uma palavra-passe, adiciona uma segunda barreira – ou até mais – para garantir que apenas o titular consegue aceder à conta.

Os três tipos principais de fatores

  • Algo que sabe: palavra-passe, PIN, resposta a uma pergunta secreta.
  • Algo que tem: telemóvel, token físico, cartão inteligente.
  • Algo que é: biometria (impressão digital, reconhecimento facial, voz).

Quando tem ativada a autenticação multifator, o que se vai passar, na prática, é que o site do banco, por exemplo, vai pedir-lhe primeiro que introduza uma palavra-passe e depois um código enviado por SMS ou para uma aplicação de autenticação instalada no telemóvel.

Esta combinação torna muito mais difícil para um atacante aceder à sua conta, mesmo que tenha descoberto a sua palavra-passe. Por exemplo, se alguém roubar a sua senha, ainda precisará do seu telemóvel ou da sua impressão digital para concluir o acesso.

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MFA vs 2FA

Talvez nunca tenha ouvido falar em MFA, mas sim em 2FA (autenticação de dois fatores). Mas qual é a diferença?

  • 2FA é um tipo de MFA, pois utiliza dois fatores para autenticar.
  • MFA pode incluir três ou mais fatores, aumentando ainda mais a segurança.

Exemplo prático: login com palavra-passe + código enviado por SMS ou gerado numa app autenticadora. Em alguns casos, pode adicionar biometria como terceiro fator.

Por que deve ativar já a MFA?

Ativar a autenticação multifator é provavelmente a recomendação mais unânime entre os especialistas em segurança digital.

Hoje, os hackers e cibercriminosos conseguem testar milhões de combinações de letras e algarismos em segundos, tornando as passwords muito mais vulneráveis. Além disso, muitos utilizadores reutilizam a mesma senha em vários serviços, aumentando o risco: se a sua palavra-chave for capturada num site, os atacantes podem experimentá-la em outros serviços nos quais tenha conta.

Principais ameaças sem autenticação multifator

Phishing

É uma das técnicas mais usadas pelos cibercriminosos. Consiste em enviar e-mails ou mensagens que parecem legítimos (imitando bancos, redes sociais ou serviços populares) para levar o utilizador a fornecer credenciais. Exemplo: Recebe um e-mail “do seu banco” a pedir para confirmar dados. Clica no link, insere a palavra-passe e… acabou de entregá-la ao atacante.

Credential stuffing

Os hackers usam listas de senhas roubadas de determinados serviços para tentar entrar noutras contas. Como muitas pessoas reutilizam a mesma palavra-passe, este ataque é extremamente eficaz.
Exemplo: A sua senha do Facebook foi exposta numa violação de dados. Sem MFA, o atacante pode usar essa mesma senha para aceder ao seu e-mail ou conta bancária.

Engenharia social

Aqui, o ataque não depende de tecnologia, mas sim de manipulação psicológica. O criminoso convence a vítima a partilhar informações sensíveis, fingindo ser alguém de confiança.

Exemplo: Um telefonema “do suporte técnico” pede que confirme a sua palavra-passe para resolver um problema. Sem MFA, basta isso para perder o controlo da conta.

Malware e keyloggers

Programas maliciosos instalados no computador ou telemóvel podem registar tudo o que escreve, incluindo palavras-passe.

Ataques de força bruta

São tentativas automatizadas para adivinhar a sua palavra-passe, testando milhares de combinações por segundo.

Em qualquer um destes casos, se tiver a autenticação multifator ativada, o hacker vai precisar do segundo fator para entrar no sistema. Por exemplo, se o atacante conseguir a palavra-passe, mas não tiver acesso ao seu telemóvel para receber um código numa aplicação de autenticação, terá o acesso bloqueado, dando-lhe tempo para alterar a senha.

Como ativar a autenticação 2FA/MFA

Ativar a autenticação multifator é um processo simples, mas que faz uma enorme diferença na segurança das suas contas. Vamos ver como pode fazê-lo e quais os métodos mais comuns:

  1. Aceda às definições de segurança da conta (ex.: Google, banco online, Portal das Finanças, Facebook).
  2. Escolha o método de MFA ou 2FA: código por SMS, aplicação autenticadora (por exemplo, Google Authenticator, Microsoft Authenticator ou Authy), biometria (impressão digital, reconhecimento facial ou voz) ou um token físico (um dispositivo portátil independente da internet ou do telemóvel que gera códigos únicos para autenticação).
  3. Configure códigos de backup para situações em que não tenha acesso ao dispositivo.
  4. Teste a autenticação para garantir que está a funcionar.

Dicas importantes

  • Prefira apps autenticadoras em vez de SMS (são mais seguras contra ataques de SIM swap, ou seja, fraudes que permitem o acesso de estranhos ao seu smartphone).
  • Ative a MFA em todas as contas críticas: e-mail, redes sociais, serviços financeiros.
  • Guarde os códigos de recuperação num local seguro (não no mesmo dispositivo).
  • Os tokens físicos são os menos práticos, porque têm de ser transportados, mas são utilizados sobretudo por empresas, dado que conferem máxima proteção.

Como funciona a MFA depois de ativada

Depois de ativar a autenticação multifator, o processo de login na conta associada – seja ela a do banco, de um e-mail ou de qualquer outro serviço – muda ligeiramente, mas continua simples.

Passo 1: Introduzir a palavra-passe

O primeiro fator continua a ser a sua palavra-passe habitual. Sem ela, não há acesso.

Passo 2: Confirmar a identidade com um segundo fator

Após inserir a palavra-passe, o sistema pede uma verificação adicional. Dependendo do método escolhido:

  • Código por SMS: Recebe um código no telemóvel e introduz no site.
  • App autenticadora: Abre a aplicação (ex.: Google Authenticator) e insere o código temporário.
  • Biometria: Usa impressão digital ou reconhecimento facial (em apps móveis).
  • Token físico: Liga o dispositivo via USB ou NFC, ou lê o código no ecrã do token.

Passo 3: Acesso concedido

Só depois de validar este segundo fator é que a conta é desbloqueada. Mesmo que alguém tenha a sua palavra-passe, não conseguirá entrar sem este passo adicional.

Outras estratégias para proteger contas online

A autenticação multifator é uma das melhores defesas contra ataques informáticos, mas não deve ser a única. Combine MFA com outras medidas para criar uma barreira sólida:

1. Utilize palavras-passe fortes e únicas

  • Mínimo de 12 caracteres.
  • Misture letras maiúsculas, minúsculas, números e símbolos.
  • Evite usar informações pessoais (datas de nascimento, nomes).

2. Não reutilize credenciais

Cada conta deve ter uma palavra-passe diferente. Se uma for comprometida, as restantes continuam seguras.

3. Ative alertas de login suspeito

Muitos serviços enviam notificações quando há tentativas de acesso a partir de dispositivos ou localizações desconhecidas.

4. Atualize dispositivos e software

Manter sistemas operativos e aplicações atualizados reduz vulnerabilidades.

5. Eduque-se sobre phishing

Aprender a identificar e-mails falsos é essencial para evitar ataques.

Leia ainda: O que fazer ao receber uma mensagem para atualizar o WhatsApp

Perguntas frequentes

É um método de segurança que exige dois ou mais fatores para confirmar a identidade do utilizador, como palavra-passe + código no telemóvel ou biometria (reconhecimento facial, impressão digital ou voz).

Não exatamente. A autenticação de dois fatores ou verificação de duas etapas (2FA) é um tipo de MFA. A MFA pode incluir três ou mais fatores, aumentando a proteção.

Não é obrigatório, mas é altamente recomendado – e em alguns serviços financeiros ou corporativos, é exigido por lei ou política interna.

Tokens físicos (como YubiKey) oferecem a maior segurança, embora sejam menos práticos. Em segundo lugar estão as apps autenticadoras. A validação por SMS é menos segura devido a possíveis ataques de clonagem de cartão SIM.

Não. A MFA complementa a palavra-passe. Deve continuar a usar senhas robustas e únicas. O ideal é utilizar um gestor de palavras-passe.

Para precaver essa situação, é essencial configurar códigos de backup ou métodos alternativos que permitam recuperar o acesso.

Na maioria dos serviços, sim. Apps como Google Authenticator, Microsoft Authenticator ou Authy são gratuitas. Os tokens físicos podem ter custo adicional.

Muito pouco. O processo é rápido e acrescenta apenas alguns segundos, garantindo muito mais segurança.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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