Devo resgatar os meus investimentos antes que caiam mais?

Resgatar investimentos num período de quedas não é aconselhável, bem pelo contrário. Este pode ser o momento ideal para reforçar.

Neste momento em que escrevo, estou a “perder” centenas de euros nos meus investimentos (PPR, Fundos de investimento, ETF e outros). Devo ficar preocupado? Sim, claro. Quem não ficaria? Vou resgatar algum deles? Claro que não!

Por causa da guerra e, antes disso, por causa da Covid-19, muitos dos nossos investimentos sem capital garantido estão ou estiveram em queda. Haver quedas grandes de “X” em “X” anos é perfeitamente normal. Tem sido sempre assim ao longo das décadas. O que faz a diferença é a sua reação enquanto investidor quando isso acontece.

Dito de forma simples, imagine que investiu 1.000 euros num fundo PPR, por exemplo, e agora foi ver o seu extrato e verificou que o saldo só está em 900 ou 800 euros. Isto é assustador para muitas pessoas.

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Resgatar ou não os investimentos

É por situações como esta que milhões de portugueses nunca colocaram um cêntimo que fosse em investimentos sem capital garantido. Eu era um desses portugueses.  Nas últimas semanas, tenho recebido muitas mensagens de pessoas que perguntam, aflitas, se devem resgatar o dinheiro que investiram antes que o valor investido desça ainda mais. Compreendo muito bem esses receios porque já os tive também

Mas ao longo dos últimos anos, aprendi uma grande lição, que tem resultado no meu caso. O que é que se faz quando vemos um investimento em queda? Resgatamos tudo com medo? Claro que não! Ou mantemos ou - melhor ainda - reforçamos o nosso investimento.

Obviamente, para meter mais dinheiro num investimento (Fundo PPR, Fundo de investimento, ETF, ações, etc.) em que está a perder dinheiro exige coragem, em primeiro lugar, e confiança de que no futuro aquele investimento recuperará assim que a situação que deu origem à queda esteja resolvida.

O grande medo das pessoas  é “perder tudo”. É principalmente por essa razão que nunca começam a investir parte das suas poupanças. Ora, para perder tudo era preciso que todas as empresas a que o seu dinheiro está ligado fossem à falência. Convenhamos que isso é muito improvável. Não é impossível, mas é tremendamente improvável. Daí a importância de diversificar. Nunca ponha todo o seu em apenas um produto.

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Reforçar em períodos de queda

O que eu fiz nestes últimos dois meses foi pôr mais dinheiro nos meus investimentos que mais caíram, porque acredito que assim que a guerra acabar (dentro de alguns meses ou anos) tudo voltará ao normal e a crescer.

Em resumo, o importante é ter tempo para esperar pela recuperação. Tinha, por exemplo, um fundo de investimento em que acredito, a cair 30%. Foi esse que acabei de reforçar. Assim que a guerra acabar e a situação voltar ao “normal” já terei ganho 30% sem fazer nada.

Posso garantir-lhe que isso vai acontecer? Não. Rendimentos passados não garantem rendimentos futuros. Mas o que lhe posso dizer é que ao longo dos últimos 100 anos foi isso que aconteceu. Só perde dinheiro quem resgata em perda. Enquanto não resgatar, não perdeu dinheiro. Este é um princípio básico das finanças pessoais e dos pequenos e grandes investidores.

É simples, mas exige coragem. Se isto lhe faz confusão, o melhor é não se meter nisto e continuar apenas com produtos com capital garantido. 

Este conceito de reforçar investimentos que estão em queda pode parecer-lhe muito estranho, mas acredite que é o que tem tornado os ricos mais ricos, e pelo contrário, mais pobres os que começam a investir sem ter literacia financeira porque em vez de estarem sempre a ganhar dinheiro, estão sempre a perder. E assim que perdem, confirmam a sua convicção interior de que não se deviam ter metido nestas coisas. E desistem. Acredite que é assim. Passei por essas fases todas.

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Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.

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