Habitação, património dos portugueses

Treze anos depois, a habitação voltou a tornar-se o principal património dos portugueses, que atingiu, no ano passado, um recorde.

Os dados mais recentes do Banco de Portugal mostram que a habitação voltou a tornar-se o principal património dos portugueses. Treze anos depois, o valor investido em habitação por particulares suplantou o de outros ativos financeiros.

Particulares têm quase mil milhões de euros em património

Segundo o Banco de Portugal, os particulares em Portugal têm quase mil milhões de euros em património. Pouco mais de metade diz respeito a imóveis residenciais.

O montante registado em 2022, de 978.976 milhões de euros, é um recorde histórico. Desde que há registos, nunca os portugueses tiveram um património tão elevado. Quer seja em habitação, quer seja em outros ativos financeiros, o valor observado no final do ano passado é um novo máximo histórico.

Quase 500 mil milhões de euros dizem respeito a habitação, mais concretamente, 498.072 milhões de euros. Um valor que representa um crescimento de 9,7% face a 2021.

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Um ativo (quase) sempre em crescimento

Desde 1980, raro foi o ano em que a habitação não registou aumento homólogo no património dos portugueses. Com exceção do período entre 2009 e 2013, pós-crise do subprime e coincidente com o período de resgate financeiro de Portugal, a habitação registou sempre crescimentos sucessivos.

De realçar que, em 2022, já num período de subida de inflação e aumento de taxas de juro, os ativos residenciais aumentaram de valor na carteira dos portugueses, bem acima do crescimento registado com outros ativos financeiros. Aliás, desde 2015 que o ritmo percentual de crescimento em habitação é superior.

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Naturalmente, este crescimento coincide com o período mais recente de valorização expressiva do mercado. Entre 2015 e 2022, o índice de preços na habitação mais que duplicou. O património habitacional dos portugueses cresceu quase 60%.

Se, por um lado, o elevado preço das casas em Portugal é um claro obstáculo à entrada de novos compradores, sobretudo dos jovens que procuram a sua primeira casa, por outro lado representa um notório acréscimo no valor do património de cada um de nós. Património esse que é um ativo real, físico e que historicamente tende a valorizar no longo prazo.

Muitos serão aqueles que dirão que esta subida do património de cada um de nós é, e tem sido feito, à custa de dívida. Mas deixarei este assunto para o próximo artigo.

Bons negócios (imobiliários)!

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Gonçalo Nascimento Rodrigues é Consultor em Finanças Imobiliárias, tendo trabalhado em empresas como Ernst & Young, Colliers International e Essentia. É Coordenador e Docente numa Pós-Graduação em Investimentos Imobiliários no ISCTE Executive Education. Adicionalmente, exerce atividade de consultoria, prestando serviços de assessoria ao investimento imobiliário. Detém um master em Gestão e Finanças Imobiliárias e um master em Finanças, ambos pelo ISCTE Business School, além de uma licenciatura em Gestão de Empresas na Universidade Católica Portuguesa. É autor do blogue Out of the Box.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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