Poupança

O que fazer para organizar as finanças até ao final do ano

Precisa de organizar as finanças até ao fim do ano, mas não sabe por onde começar? Saiba que estratégias adotar e que opções tem à disposição.

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O que fazer para organizar as finanças até ao final do ano

Precisa de organizar as finanças até ao fim do ano, mas não sabe por onde começar? Saiba que estratégias adotar e que opções tem à disposição.

Organizar as finanças até ao final do ano pode parecer uma tarefa difícil. Mas, na verdade, até ao último dia de dezembro pode tomar várias decisões, rever despesas/contratos e estabelecer estratégias que ajudarão as suas finanças pessoais a tomar um novo rumo em 2024.

Como sabemos, este ano ficou marcado por uma taxa de inflação elevada em toda a Zona Euro, que afetou o poder de compra das famílias, forçando-as a adaptar o seu orçamento à nova realidade. Para muitas, foi necessário refazer contas, reduzir encargos, eliminar certas despesas, e criar novas folgas financeiras para acomodar a subida dos gastos.

É certo que o ano já está quase a terminar. Mas ainda vai a tempo de olhar com atenção para o seu orçamento e tomar medidas que o vão ajudar a organizar as finanças e a entrar em 2024 com uma perspetiva mais positiva.

De seguida, conheça algumas opções para organizar as finanças até ao final do ano.

Analise opções para poupar na prestação da sua casa

Caso a prestação da sua casa esteja a pesar demasiado no seu orçamento familiar, uma boa forma de organizar as suas finanças até ao final do ano é olhar para algumas das medidas em vigor implementadas pelo Governo. Afinal, estas foram criadas para travar o impacto da subida dos juros.

À parte destas medidas transitórias, tem sempre a possibilidade de tentar baixar a sua prestação de crédito renegociando o seu contrato ou transferindo o seu crédito habitação para outra entidade. Mas vamos por partes.

Entre o conjunto de medidas do Governo para reduzir os encargos com a sua prestação de crédito estão:

  • A moratória do crédito habitação: Esta medida, a que pode aderir até 31 de março de 2024, serve para fixar a sua prestação de crédito, aliviando assim os seus encargos imediatos. Importa sublinhar, porém, que o custo total do crédito ficará mais elevado, uma vez que vai estar a adiar o pagamento de parte do capital. Deve analisar muito bem como funciona esta medida, uma vez que, depois do período da moratória, tem de pagar o valor "normal" da sua prestação e, posteriormente, a totalidade do seu crédito, com o valor "congelado", somando os devidos juros.
  • Bonificação dos juros: Aplica-se à diferença entre o valor do indexante que está a ser usado no cálculo da prestação e o limiar de 3%. O limite anual do apoio é de 800 euros, não existindo diferenças consoante o escalão de rendimentos do titular. A bonificação é de 75% para titulares com uma taxa de esforço igual ou superior a 35% e inferior a 50%, e de 100% para titulares com uma taxa de esforço igual ou superior a 50%.

Pode baixar a prestação recorrendo ao seu PPR

Entre 2023 e 2024, pode beneficiar de outro tipo de medidas que permitem resgatar antecipadamente o capital investido num PPR sem qualquer tipo de penalização. Algumas destas medidas podem ajudar a ter alguma folga se quiser reduzir os encargos com o seu crédito habitação (a curto ou longo prazo) ou simplesmente ter algum alívio financeiro.

As medidas temporárias (em vigor até ao dia 31 de dezembro de 2024) que permitem aos titulares de um PPR resgatarem o seu dinheiro sem penalizações são:

  • Para pagar prestações de crédito habitação. Até ao fim desta medida transitória não é penalizado por resgatar o seu dinheiro, mesmo que o faça antes da subscrição completar os cinco anos.
  • Quando pretende amortizar o seu crédito habitação de uma habitação própria e permanente, até ao valor de 24 vezes o IAS. Para ter uma ideia, o valor do IAS sobe para 509,26 euros, o que significa que pode resgatar do seu PPR 12.222,24 euros para amortizar o seu crédito habitação, baixando assim a sua prestação da casa.

Nota: Até ao final de 2024, a comissão de reembolso antecipado de créditos habitação com uma taxa variável ou mista em período variável está suspensa. Isto significa que se quiser usar uma parte das suas poupanças para amortizar o seu crédito habitação (não tendo de ser obrigatório o uso de PPR), fica isento de uma comissão de 0,5% do valor amortizado e ainda consegue diminuir o valor da sua prestação e do valor total do seu crédito habitação.

  • Resgate sem penalizações até ao valor de 1 IAS por mês. Neste caso, pode utilizar o valor do seu resgate em qualquer tipo de despesa ou simplesmente para ter mais dinheiro disponível.

Leia ainda: PPR: Famílias podem resgatar mais de 12 mil euros para pagar crédito da casa

Renegoceie as condições do seu crédito habitação ou opte por transferir para outra instituição de crédito

Com a subida das taxas Euribor, muitas pessoas viram a sua prestação mensal passar para o dobro do valor que pagavam em 2022. Logo, se este foi o seu caso, é normal que a sua taxa de esforço tenha sofrido um agravamento significativo. E tendo em conta o risco de incumprimento que muitas famílias enfrentam, os bancos foram obrigados a facilitar a renegociação de créditos aos clientes com uma taxa de esforço superior a 35%.

Contudo, mesmo que a sua taxa de esforço não tenha subido acima deste valor, tem sempre a possibilidade de falar com o banco onde contratou o seu crédito habitação e tentar renegociar as condições contratuais. 

Por exemplo, para aumentar a sua folga financeira e reduzir os encargos com o empréstimo da sua casa pode renegociar:

  • O alargamento do prazo de amortização do seu contrato de crédito. Tenha em conta que ao alargar a maturidade do seu contrato reduz a sua prestação mensal, mas vai pagar mais juros. Logo, no fim do contrato, o seu crédito vai ficar mais caro.
  • diferimento de parte do capital para uma prestação futura;
  • fixação de um período de carência de reembolso do capital ou de reembolso do capital e de pagamento de juros;
  • E a redução da taxa de juro do seu contrato durante um determinado período. É preciso ter em conta que hoje em dia são muitas as instituições de crédito que praticam spreads mínimos de 0,5% nos novos contratos. Logo, a margem de negociação é maior.

Leia ainda: Como baixar o spread pode ajudar a equilibrar o orçamento familiar

Se o seu objetivo for obter alguma estabilidade durante este período mais incerto, deve pedir simulações junto de várias entidades com alteração da sua modalidade de juros para uma taxa fixa ou uma taxa mista.

Atualmente, há campanhas com taxas de juro bastante atrativas para quem pretende um contrato com uma taxa mista com um período fixo entre um e dois anos. Contudo, deve fazer contas e ver se esta solução é benéfica para os seus objetivos, mas também para as suas finanças. 

Leia ainda: Crédito à habitação: Fixo a prestação, peço taxa mista ou deixo como está?

Transferir o seu crédito habitação para outra entidade pode ser mais vantajoso

Nem sempre o banco onde tem o seu crédito habitação apresenta as melhores condições na altura que pretende renegociar o seu contrato. Logo, o ideal é não se resignar perante esta primeira proposta. Hoje em dia, existem cada vez mais instituições de crédito credíveis que estão dispostas a oferecer melhores condições para atrair novos clientes. E por isso, em muitos casos, transferir o seu crédito habitação para outra entidade pode ser a melhor opção.

Afinal, se estudar várias propostas, pode conseguir encontrar uma instituição de crédito onde consiga reduzir ou alterar a sua taxa de juro, aumentar ou diminuir a maturidade do contrato, remover produtos que tinha subscritos e até baixar o valor dos seguros do crédito habitação (seguro de vida do crédito habitação e seguro multirriscos). Por vezes, bastam pequenas alterações para conseguir poupar nos seus encargos com o crédito habitação.

Por exemplo, se conseguir reduzir o seu spread em 0,5%, baixando a sua TAN de 4,5% para 4%, num crédito habitação com um capital em dívida de 100.000 euros a liquidar em 300 prestações, a sua prestação passa de 555,83 euros para 527,84 euros. Ou seja, uma poupança de 27,99 euros por mês, enquanto o valor da taxa Euribor não se alterar ou se tiver uma taxa fixa. Se estivermos a falar de um crédito indexado à Euribor a 6 meses, vai poupar num semestre 167,94 euros. Caso a Euribor desça, a poupança vai ser maior. Não se esqueça que o valor do spread fica em vigor até ao final do contrato e o valor do indexante oscila consoante as subidas e descidas da taxa Euribor (no prazo estipulado).

Agora, pode aumentar esta poupança se conseguir reduzir o valor das duas apólices de seguros. Imagine que diminui o valor que paga mensalmente em 35 euros. Em seis meses, poupou nos dois seguros do crédito habitação 210 euros. Contas feitas, estas pequenas alterações geram uma poupança de 377,94 euros em seis meses.

No entanto, antes de decidir transferir o seu crédito habitação para outra entidade, certifique-se se a entidade cobre os custos da transferência e de todas as condições contratuais que estão presentes na Ficha de Informação Normalizada Europeia (FINE).

Nota: Se estiver com dificuldades em perceber quanto pode poupar, pode recorrer a calculadora de transferência de crédito habitação.

Organizar as finanças através da consolidação de créditos ou da contratação de um multiopções

Se tem vários empréstimos além do seu crédito habitação, como um crédito automóvel, um crédito pessoal ou cartões de crédito por saldar, é bem provável que sinta a necessidade de reduzir os encargos com créditos com a máxima urgência.

Assim, é aconselhável ponderar duas soluções:

O crédito consolidado é uma solução para quem tem mais de dois empréstimos, além do crédito habitação. Se não estiver em incumprimento e tiver uma situação profissional estável, a consolidação de créditos permite-lhe juntar todos os seus créditos num só, obtendo assim melhores condições.

Isto porque fica com uma única prestação com uma taxa de juro que, por norma, é mais baixa em comparação com a média das taxas de juro de todos os créditos que tem. Com isso, consegue poupar até 60% nas suas mensalidades, podendo esta percentagem representar centenas ou milhares de euros, conforme o número de empréstimos, valor em dívida e as taxas de juro associadas.

Já o crédito multiopções, destina-se a quem é proprietário de um imóvel, que pode estar livre de ónus ou ter associado um crédito habitação por liquidar. No fundo, este tipo de financiamento é semelhante ao crédito hipotecário, uma vez que tem taxas de juros e prazos de financiamento mais benéficos que outros empréstimos. Mas como é que fazer um novo crédito pode ajudá-lo a organizar as finanças? Bem, porque ao fazer uma hipoteca ou uma segunda hipoteca sobre o seu imóvel, consegue obter um valor extra de financiamento (com melhores condições) que lhe permite liquidar outros créditos contratados. E, na prática, esta solução pode reduzir substancialmente os seus encargos mensais.

Mas para ter um crédito multiopções aprovado, o banco precisa de avaliar o seu LTV e a sua taxa de esforço. Tendo em conta as normas do Banco de Portugal, o LTV num crédito habitação com garantia hipotecária ou equivalente, não pode ultrapassar os 80%. Contudo, é preciso ter em conta que a maioria dos bancos concedem este financiamento quando o LTV do cliente é mais baixo e ronda entre os 60% e os 70%. Para calcular o seu LTV deve utilizar a seguinte fórmula: LTV = montante do empréstimo / valor do imóvel x 100%. Contudo, tenha em conta que o valor total do financiamento engloba o valor do seu crédito habitação e o valor que requisitou para o seu multiopções.

Quanto à taxa de esforço, esta não pode ultrapassar os 50%, tendo de incluir no cálculo os seus rendimentos e todos os seus créditos, somando ainda a nova prestação do seu multiopções.

Nota: Se tiver dúvidas a calcular esta taxa, pode recorrer ao simulador da taxa de esforço para ajudá-lo nestes cálculos.

Leia ainda: Crédito habitação: Em que situações é possível pedir um multiopções?

Se tem uma poupança pode organizar as finanças ao amortizar os seus créditos

Como referimos anteriormente, uma das soluções para organizar as finanças antes do fim do ano é utilizar uma parte das suas poupanças para amortizar os seus créditos. Todos os consumidores têm direito a amortizar os seus contratos de crédito, de forma parcial ou total. Quando opta por amortizar um crédito de forma total, está a liquidar a totalidade da dívida que tem. Já quando opta por um reembolso antecipado parcial, reduz o capital em dívida e o valor total dos juros. Esta opção depois pode traduzir-se numa diminuição da sua prestação mensal ou do prazo do contrato de crédito. 

Existem duas regras bases antes de decidir amortizar um crédito: a primeira é que esta amortização nunca deve colocar o seu orçamento familiar em risco. A segunda, é que deve começar por amortizar os créditos com taxas de juro mais elevadas.

Se as condições tiverem reunidas, informe-se sobre a comissão de reembolso antecipado que pode ter de pagar. De acordo com o Banco de Portugal, os limites máximos desta comissão num crédito ao consumo são de:

  • 0,5% do valor reembolsado: se o período que resta entre a data da amortização e o fim do contrato for superior a um ano. 
  • 0,25% do valor reembolsado: se o período que resta entre a data de amortização e a data estabelecida do fim do contrato for igual ou inferior a um ano. 

Nota: Quando tem um crédito ao consumo com uma taxa variável, as instituições financeiras não podem cobrar-lhe uma comissão por reembolso antecipado. Esta apenas é aplicável aos créditos com taxa fixa.

Num crédito habitação, a comissão de reembolso antecipado não pode ultrapassar: 

  • Os 0,5% do capital reembolsado quando a taxa de juro variável. Até ao dia 31 de dezembro de 2024 a cobrança desta comissão está suspensa.
  • E os 2% do capital reembolsado, no caso dos contratos de crédito habitação com uma taxa de juro fixa. 

Embora a amortização de capital lhe permita ganhar uma folga financeira, deve ponderar bem se não vai colocar o seu orçamento em risco, nem o seu fundo de emergência. Afinal, caso aconteça algum imprevisto, deve ter sempre um "pé de meia" onde pode recorrer para não ter de contratar um novo crédito para pagar despesas inesperadas.

Leia ainda: Quanto vou pagar para amortizar o meu crédito?

Imagem de um porco mealheiro e de símbolos a remeter para os seguros - seguro de vida a ilustrar como organizar as finanças

Reveja a sua carteira de seguros

Conforme a idade vai avançando, é normal que a sua carteira de seguros reúna mais apólices. Pode ter, por exemplo, um seguro automóvel, seguro de vida, seguro de saúde, seguro de vida do crédito habitação, seguro multirriscos, um seguro de crédito e/ou um seguro de acidentes profissionais, caso seja trabalhador independente.

Para organizar as finanças e ganhar uma folga financeira através de revisão da sua carteira de seguros deve:

  • Rever as condições de cada apólice e pesquisar se existem melhores condições no mercado. Caso existam e cumpram os seus critérios, não hesite em mudar de seguradora;
  • Analise se ainda precisa de todas as coberturas que cada apólice contém. Afinal, pode estar a pagar um preço demasiado elevado por coberturas que já não são úteis;
  • Compare os seus seguros e veja se não tem coberturas repetidas.

Estes três passos, pode gerar uma poupança de dezenas ou até de centenas de euros, permitindo-lhe ganhar uma nova folga no seu orçamento.

Leia ainda: Poupar nos seguros? 11 dicas que podem ajudar a sua carteira

Veja se é possível usufruir de melhores condições nos contratos de eletricidade, gás, telecomunicações

Embora a maioria dos contratos de serviços essenciais não tenham valores fixos, saiba que é possível poupar nos contratos de eletricidade, gás e telecomunicações, se dedicar algum tempo a estudar as opções que existem no mercado.

Entre 2022 e 2023, o preço dos serviços de eletricidade e gás natural dispararam durante um certo período, principalmente após ter iniciado a invasão da Rússia à Ucrânia. Perante o aumento dos preços, o Governo avançou com uma medida excecional que permitiu aos consumidores regressarem ao mercado regulado.

Na maioria dos casos, o mercado regulado para contratos de eletricidade não era uma opção favorável. Mas no gás, existe a hipótese de poupar algum dinheiro mudando o seu contrato para um dos 12 comercializadores. Isto porque os preços são definidos pela ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos), tratando-se assim de uma tarifa regulada, com preços fixados ao ano (podendo ser revistos trimestralmente). Embora esta seja uma medida transitória, ainda é possível os consumidores que têm um consumo anual até 10 000m3 aderirem ao regime da tarifa regulada.

Contudo, isto não significa que a melhor opção passe sempre por ter um contrato de gás no mercado regulado. No mercado livre, os preços são definidos pelas empresas e não pela ERSE. No fundo, cada empresa pode definir livremente a sua tarifa e condições comerciais. Apenas têm de garantir que cumprem as regras da concorrência com base na lei e no Regulamento das Relações Comerciais. Mas, dado que a oferta é maior, este mercado é mais competitivo, e existem sempre campanhas promocionais que podem ser benéficas para si. Assim, pode utilizar o simulador da ERSE para fazer várias simulações antes de tomar uma decisão final. 

Leia ainda: Como poupar na fatura do gás

Em relação aos contratos de eletricidade, se pretende poupar no próximo ano, comece já a comparar preços através do simulador de eletricidade para encontrar a melhor solução para si. Tenha em conta que a tarifa e potência contratada também vão ter influência sobre o valor final a pagar mensalmente. Por isso, antes de celebrar um contrato, deve pensar qual é a opção mais benéfica: se uma tarifa simples, bi-horária ou até tri-horária.

Leia ainda: Qual é a melhor forma de poupar na eletricidade?

Por último, nos contratos de telecomunicações, a lógica é a mesma, mas tem menos opções no mercado. Basicamente, tem de pensar nos serviços que pretende ter, se quer ou não incluir os seus telemóveis no contrato, verificar qual é a operadora com a campanha promocional mais interessante, a nível de qualidade/preço.

Contudo, tenha em conta que o preço a pagar mensalmente é sempre menor quando opta pela fidelização de 24 meses. A desvantagem é que, durante esse período, fica fidelizado e é sempre difícil conseguir cancelar o serviço e mudar para outra operadora. Assim, faça contas, analise as várias propostas e não se precipite a tomar uma decisão. 

Leia ainda: Contrato de telecomunicações: Posso cancelar mesmo com fidelização?

Para organizar as finanças, olhe para o seu orçamento familiar

Se já tiver um orçamento familiar, é normal que este vá ficando desatualizado, uma vez que o valor dos seus encargos sofreu certamente algumas alterações nos últimos meses. Por isso, é essencial fazer um novo orçamento para organizar as finanças até ao fim do ano e preparar o ano seguinte.  

Caso nunca tenha criado um orçamento familiar, é aconselhável que o faça o mais breve possível. Embora não seja complexo, precisa de tempo para fazer um levantamento de todos os seus rendimentos e encargos atuais. Depois, passa a ter uma noção real do dinheiro que sobra mensalmente. E assim, pode tomar decisões conscientes quando pretende fazer certas compras ou criar estratégias de poupança e investimento.

Antes de começar a fazer um novo orçamento familiar, olhe para outras despesas e encargos que possui. Existem várias formas de aumentar o seu rendimento disponível e poupar em várias categorias no seu dia a dia. Mas para tal, precisa de fazer cortes em gastos não essenciais, ver se pode reduzir certas despesas com subscrições, idas ao supermercado, entre outros encargos.

Leia ainda: Guia de poupança por áreas: Como poupar nos seus encargos essenciais

Ainda vai a tempo de otimizar o seu IRS, tendo a possibilidade de aumentar o reembolso

Embora a entrega da declaração anual de IRS seja apenas entre abril e junho do próximo ano, ainda pode otimizar as suas deduções à coleta de IRS de forma a tentar aumentar o seu reembolso de IRS ou diminuir o valor que tem de pagar ao Estado.

Para conseguir otimizar as suas deduções à coleta:

  • Peça o número de contribuinte nas despesas que podem ser deduzidas à coleta;
  • Verifique se as suas despesas estão registadas no seu perfil do portal e-fatura;
  • Quando as despesas não se encontram no portal, registe as suas faturas manualmente para garantir essas deduções;
  • Sempre que as suas despesas não estejam associadas a uma categoria, faça essa associação manualmente. Este tipo de despesa que não se encontra em nenhuma categoria, está identificada no portal em "validar faturas pendentes".
  • Caso tenha uma poupança de parte e ainda não tenha atingido o valor máximo das deduções à coleta, analise se compensa fazer um investimento num PPR para obter os benefícios fiscais associados a este produto financeiro. Contudo, tenha em conta os limites mínimos de investimento para obter o máximo da dedução à coleta possível para a sua idade.

Leia ainda: PPR: Ainda tem margem para aproveitar os benefícios fiscais em 2023?

É importante realçar que para conseguir otimizar ao máximo o seu IRS, precisa de saber os limites máximos de cada categoria, o limite da soma das deduções à coleta e o seu rendimento coletável.

Por categoria, os limites são os seguintes:

  • Nas despesas gerais e familiares: 35%, até ao limite de 250 euros. Quanto às famílias monoparentais, cada membro pode deduzir 45% dos gastos até ao limite de 335 euros;
  • Saúde: 15%, até ao limite de 1.000 euros;
  • Formação e educação: 30%, até ao limite de 800 euros. O limite pode ser de 1.000 euros, caso existe no agregado familiar um estudante deslocado que tenha até 25 anos e estude a mais de 50 quilómetros da residência do agregado familiar. Atenção que os 200 euros de diferença dizem respeito a rendas.
  • Encargos com imóveis: 15%, até ao limite de 502 euros, no caso das rendas, ou 296 euros, no caso de existirem juros com empréstimos de contratos realizados até ao final de 2011;
  • Despesas com lares: 25%, até ao limite de 403,75 euros;
  • E despesas relativas à exigência de fatura: o limite máximo é de 250 euros. É dedutível 15% do IVA suportado, exceto nos transportes públicos (100%) e nos medicamentos de uso veterinário (35%).

Leia ainda: Como aumentar o reembolso de IRS até ao final do ano?

Crie estratégias de poupança e investimento com a folga financeira que conseguiu

Depois de organizar as finanças do seu agregado familiar, pode conseguir alocar mais dinheiro por mês a uma poupança ou a certos investimentos. Quanto mais dinheiro conseguir poupar e investir, maior a probabilidade de alcançar a sua liberdade e bem-estar financeiros.

Claro que o ideal é começar por definir um valor fixo que deve poupar mensalmente para um fundo de emergência. Assim que o seu fundo de emergência estiver composto, então é hora de olhar para as suas poupanças de outra forma. Afinal, se o dinheiro ficar parado no banco, só vai desvalorizar com o tempo. Já para não falar que pode mesmo perder dinheiro devido à cobrança de comissões bancárias.

Então, o que deve fazer? Primeiro, descubra qual é o seu perfil enquanto investidor. Se não gosta de correr riscos e tem medo de perder as suas poupanças, o ideal é investir em produtos financeiros com garantia de capital ou com um risco baixo. São alguns exemplos os certificados de aforro, certificados do Tesouro, seguros PPR, fundos de baixo risco (nível 1 ou 2). No entanto, tenha noção que este tipo de investimento oferece apenas uma pequena rendibilidade.

Já se o seu perfil de investidor é moderado e tolera algum risco, pode estudar outras estratégias de investimento, com diferentes níveis de risco. Neste caso, tem a possibilidade de obter uma rendibilidade mais elevada, mas corre sempre o risco de perder o dinheiro que investiu, seja de forma parcial ou total. Alguns dos produtos que pode analisar são ações, ETFs, fundos PPR com risco mais elevado, entre outros.

Contudo, nunca se esqueça que a sua carteira de investimento deve ser formada por diferentes produtos, com níveis de risco e composições distintas.

Além disso, tenha em mente que ao longo da sua vida deve criar metas para alcançar, sejam estas baseadas em objetivos pessoais (comprar uma casa ou um carro) ou profissionais (abrir um negócio, desenvolver um produto ou investir numa nova carreira). Esta é uma forma de se manter focado e saber que passos precisa de dar para alcançar o seu objetivo.

Leia ainda: Começar a investir: Passo-a-passo e os cuidados a ter

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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