As carteiras dos investidores nacionais são sobretudo compostas por ativos de baixo risco, como certificados de aforro e aplicações em depósitos a prazo. No entanto, já começa a haver espaço nos portefólios das famílias portuguesas para produtos de (alto) risco, em concreto criptoativos.
O Barómetro Doutor Finanças de Hábitos Financeiros, elaborado em parceria com a Universidade Católica dá conta de que 4% dos investidores nacionais já investiram em ativos digitais. Os homens são os que têm maior apetite por este tipo de produtos: 4%, contra 1% de mulheres.
Ainda assim, são os produtos de baixo risco que dominam das carteiras. Ao todo, apenas 52% dos inquiridos investem ou já investiram, sendo que 29% aplicam o seu dinheiro em depósitos a prazo. Aliás, entre os que dizem investir num só produto, 17% acabam por optar por este tipo de instrumento de poupança.
Os certificados de aforro são o segundo produto mais procurado (15%), seguido das ações (10%) e outros produtos, como imobiliário (11%), e do investimento em fundos (9%).
Estas escolhas podem ser explicadas pelo estilo predominantemente conservador do investidor português, que privilegia a certeza face à volatilidade, ainda que esta última possa gerar maiores retornos.
Entre os inquiridos, 42% apontam o nível de segurança dos ativos como principal razão para investir. A rentabilidade ocupa o segundo lugar, mas bem longe do primeiro motivo (22%).
Ao contrário de outras características do investidor português, a diferença entre sexos não influencia diretamente as razões de escolha dos ativos, já que não existem grandes disparidades estatísticas.
Apenas 13% escolhem investimentos por recomendação de especialistas
As recomendações dos especialistas servem como critério para apenas 7% dos homens inquiridos e para 6% das mulheres que responderam ao inquérito. Por sua vez, as recomendações de conhecidos são um critério para 4% dos indivíduos de sexo feminino e 3% do sexo masculino.
O Barómetro Doutor Finanças dá ainda conta de que, quando precisam de ajuda para investir, os portugueses preferem o auxílio de um familiar ou amigo (13% da amostra inquirida pela Católica) ao de um gestor financeiro (10%).
Também no campo do aconselhamento, a banca tradicional é a que ganha mais destaque, já que 19% dos respondentes afirmam preferir a colaboração deste tipo de instituições.
Ainda assim, a maioria prefere investir sem ajuda, sendo que 49% dos inquiridos dizem que aplicam o seu dinheiro em produtos financeiros, de forma independente. Os homens (28%) são o que mais preferem investir sozinhos.
Banca tradicional domina entre intermediários
Dos investidores para os intermediários, as instituições financeiras são as principais protagonistas quando o tema é investimento.
A maioria dos portugueses (58%) aplica o seu dinheiro em produtos financeiros através da banca tradicional. Entre os investidores nacionais, 48% recorrem exclusivamente aos bancos para este tipo de atividade.
A banca tradicional é sobretudo preferida por mulheres, que compõem 31% da amostra de pessoas que diz recorrer a este tipo de intermediários para investir, enquanto os homens representam uma fatia de 27%.
Por outro lado, apenas 23% recorrem a plataformas de investimento e só 16% utilizam estes intermediários de forma exclusiva. Já quando questionados sobre o recurso a corretoras online, apenas 14% contam com este tipo de intermediário.
O intermediário a que as famílias menos recorrem são mesmo os bancos de investimento, que contam com uma percentagem de apenas 8%.
Ficha técnica: Este inquérito foi realizado pelo Centro de Estudos Aplicados (CEA) da Universidade Católica Portuguesa em colaboração com o Doutor Finanças, entre os dias 2 e 17 de abril de 2025. O universo-alvo é composto por indivíduos com 18 ou mais anos residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir de uma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 700 inquiridos é de 4%, com um nível de confiança de 95%.