No segundo dia do Summit Academia Doutor Finanças, o tema do investimento esteve em destaque com a conversa “Investir com sucesso: Canais de investimento, tendências e estratégias”. Moderada por Sara Antunes, diretora de Conhecimento e Relação com os Media do Doutor Finanças, a sessão contou com Pedro Lino, CEO da Optimize, e Eduardo Nunes, subdiretor da área de corretagem do Banco BiG.
Durante esta conversa falou-se de como investir de forma consciente e disciplinada, dos principais obstáculos que os portugueses enfrentam ao investir e das estratégias essenciais para construir um percurso consistente e sustentável.
Os dados do Barómetro Hábitos de Investimento, um estudo desenvolvido pelo Doutor Finanças em parceria com o Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa, serviram de ponto de partida para refletir sobre a realidade financeira dos portugueses.
Segundo Eduardo Nunes, “a dificuldade em planear financeiramente é uma das maiores barreiras ao investimento”, sobretudo devido aos níveis salariais e ao custo de vida. Ainda assim, o responsável do Banco BiG defendeu que é possível começar a investir com pouco.
“É um mito pensar que é preciso ter muito dinheiro para investir. Mesmo com pequenos valores, pouco a pouco, os resultados podem ser muito interessantes ao longo do tempo.”
O convidado lembrou ainda que “ter o dinheiro parado pode ser mais arriscado do que investir a longo prazo”, sobretudo num contexto de inflação.
Fatores como a inflação, taxas de juro e incerteza afetam o comportamento dos investidores. Pedro Lino concordou, sublinhando que “quando ouvimos falar em inflação, pensamos em custo de vida mais alto e em sobrevivência, não em poupança ou investimento”. No entanto, reforçou que a poupança não é só para ricos. “Com 10 euros já se consegue fazer um plano de investimento. Muitas vezes o que falta é começar.”
O CEO da Optimize recordou também o impacto da crise financeira e a consequente aversão ao risco que ainda marca muitos investidores portugueses. Mas lembrou que o mundo financeiro tem uma dinâmica própria.
“As pessoas são intoxicadas pela negatividade [difundida pelos media, por exemplo] e esquecem-se do foco no longo prazo. Enquanto as notícias falam de crises, os mercados continuam a atingir novos máximos”, defendeu Pedro Lino.
Ambos os convidados concordaram que investir é um processo e não um evento. É preciso definir objetivos, conhecer o próprio perfil e diversificar.
“Um dos maiores erros é querer enriquecer rápido. Isso é utópico”, alertou Eduardo Nunes. “As pessoas acabam por investir no que não conhecem e arriscam o que não podem.”
A chave, segundo ambos, é a educação financeira, a disciplina e a consistência. A volatilidade do mercado é inevitável, mas o verdadeiro desafio é não deixar as emoções comandarem as decisões. “O maior inimigo do investidor é ele próprio”, resumiu Eduardo Nunes.
Entre os conselhos práticos deixados na conversa, destacam-se:
- Investir no que se conhece e em produtos alinhados com o perfil pessoal;
- Definir metas e métricas claras, para acompanhar a evolução e manter o foco;
- Diversificar para reduzir risco;
- Investir montantes confortáveis, de forma regular e consistente;
- Evitar decisões impulsivas, especialmente em momentos de maior volatilidade.
“Os mercados financeiros são a maior democracia do mundo”, afirmou Pedro Lino. “Hoje, todos têm acesso a plataformas eletrónicas e planos de investimento mensais, sejam 10, 50 ou 100 euros, que permitem construir um percurso disciplinado e sustentável.”
No final da conversa, Pedro Lino antecipou algumas tendências para os próximos anos, destacando temas como a cibersegurança e a inteligência artificial como áreas com forte potencial de crescimento.
Mais do que procurar o “investimento certo”, a mensagem principal da conversa foi clara: o sucesso no investimento está menos em adivinhar o futuro e mais em construir hábitos financeiros consistentes, informados e alinhados com os nossos objetivos.
O Summit Academia Doutor Finanças 2025 apresentou três dias de sessões inspiradoras e focadas em literacia financeira. Aceda às gravações aqui.
