Faça uma limpeza a todas as suas despesas desnecessárias

O segredo é estar preparado para agir perante a adversidade. Sem pânico, com os pés bem assentes na terra e com um rumo bem definido.

Se foi afetado financeiramente pela pandemia da Covid-19, já percebeu que cada euro voltou a ser importante. Se (ainda) não foi afetado, creio que já percebeu também que o futuro pode não ser aquilo que gostaríamos que fosse. Há imprevistos que não controlamos.

Se alguma vez passar por uma situação em que perde rendimentos muito rapidamente (pode ser o seu caso atual) tem de pôr imediatamente mãos à obra. Saiba que vai doer, mas tem de ser. Seja qual for o seu caso, deve aproveitar e fazer imediatamente uma “limpeza” às suas despesas mensais e anuais. 

Faça uma lista de todas as suas despesas

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Já lhe falei sobre isto em crónicas anteriores, mas hoje quero ser mais específico. Depois de fazer a lista das suas despesas fixas (ou variáveis) mensais, anule de imediato todas as que puder anular e que não envolvam penalizações por fim antecipado do contrato.

Na próxima crónica vou explicar-lhe como pode e deve renegociar os seus contratos, mas hoje é sobretudo para lhe dizer que há coisas que pode cortar pela raiz. Sim, passa a ser uma poupança de 100%. Custa? Claro que sim! Mas estou a dirigir-me especificamente a pessoas financeiramente aflitas.

Internet e telecomunicações

Reduza todos os serviços ao mínimo. Provavelmente não precisa de 200 canais e 200 megas de internet. Pode sobreviver com metade ou um terço. Pelo menos até voltar ao normal. Escolha o tarifário mais barato que puder. 

Veja ainda: O orçamento pessoal e o controlo das nossas despesas

Assinaturas

Pode ter também de tomar decisões radicais como cortar totalmente com algumas assinaturas, como por exemplo a Netflix, HBO, Amazon Prime, Spotify e outras. Depois retoma-as quando puder. Não é um “castigo” eterno. Lembre-se sempre que 10 euros por mês (que saem do cartão de crédito sem você ver) são 120 euros por ano. Duas mensalidades de 10 euros são 240 euros por ano. É o valor do seguro do carro que tanto lhe custa a pagar. 

Cartões de crédito

Acabe com os cartões de crédito. Sim. Totalmente. Se paga anuidade, anule-os. A menos que tenha de os ter para manter o spread baixo no banco. Deixe de os usar. Completamente. Evita surpresas. 

Os cartões de crédito podem ser nossos amigos, se os soubermos usar. Se de vez em quando tem surpresas com eles, não arrisque. Tesoura com eles. Depois volta a subscrevê-los, se assim o entender. Se é uma pessoa controlada, basta não os usar. 

Deixe de usar o carro ou venda-o

Deixe de usar o carro. Passe a andar de transportes públicos, se puder. Esta sugestão não é prática para todas as pessoas, mas se puder vender o carro fica imediatamente com dinheiro extra e corta as despesas anuais dos seguros, da manutenção, das avarias e de eventuais acidentes e multas. 

Não se esqueça de que ter um carro é como ter as despesas de um filho. Faça as contas e assuste-se. Há pessoas que trabalham vários meses do ano para sustentar o “luxo” de ter um carro. Às vezes são dois. Pondere trocar por uma moto, ou bicicleta elétrica.

Mude para um banco grátis

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Mude, se puder, para um banco que não cobre nenhuma comissão de manutenção de conta e anuidade dos cartões. No momento em que escrevo conheço o Activobank, o Moey (da Caixa Agrícola), Openbank, Best, BIG e deve haver mais alguns. 

O Banco CTT inicialmente era um banco ZERO, mas recentemente decidiu cobrar anuidade pelo cartão de débito. Por isso, saiu da “minha” lista de bancos totalmente grátis, embora continue a não cobrar comissões de manutenção de conta. 

Tem também as Contas de Serviços Mínimos Bancários em todos os bancos em Portugal. Só paga cerca de 5 euros por ano por tudo o que precisa, em qualquer banco em Portugal, se só tiver essa conta.

Mande o Take Away (espero que tenha percebido o meu sentido de humor)

Corte com o Uber Eats, Glovo, take away e afins. Faça toda a sua comida em casa. Assim que tiver possibilidades financeiras, pode voltar a esses hábitos, se o quiser fazer. O mesmo para pequenos-almoços e lanches fora. Só como exceção.

Use os eletrodomésticos na capacidade máxima

Use as máquinas de lavar com inteligência. Se usar as máquinas de lavar loiça e de roupa com a carga completa em vez de com ela pela metade, vai ter uma poupança imediata de 50% em tudo (água, eletricidade e detergentes).

Use a lista de compras

Aprenda a usar uma lista de compras. Só compra o que realmente precisa. Negoceie consigo próprio cada linha dessa lista. É doloroso? É. Mas estamos em “guerra” económica. Não ceda a si próprio. 

Aproveite para fazer uma limpeza à sua despensa e ao armário dos medicamentos. Tem lá dezenas de coisas repetidas ou fora de prazo. Evita compras desnecessárias nas próximas semanas ou meses, se souber o que tem e o que precisa.

Leia ainda: Um guia para poupar no supermercado: melhores compras, mais poupança

Nada de compras por impulso

Corte todas as compras por impulso. Está barato? Está. Pode comprar? Não. Então está decidido. Saia do Facebook e pode ir ler um livro para não pensar mais no assunto.

Despesas de educação

Há decisões ainda mais dolorosas do que estas que mencionei antes. Por exemplo, há famílias que têm de tomar a difícil decisão de tirar os filhos da escola privada e colocá-los no público. Só com esta decisão (terrível) pode estar a “ganhar” um salário mínimo nacional todos os meses. 

Precisa de um seguro de saúde?

Outra decisão difícil (ainda mais nesta altura de pandemia) é cortar com o seguro de saúde e recorrer ao Centro de Saúde ou aos hospitais públicos. 

São sugestões muito diretas para quem precisa de algumas orientações de onde pode cortar, se precisar mesmo. Algumas podem aplicar-se a si, outras não. Ninguém está a dizer que é fácil.

Pode haver mais coisas que pode cortar. Só você sabe exatamente onde gasta o seu dinheiro. tente lembrar-se de mais coisas que pode cortar se precisar. É um exercício muito útil.

Se no seu caso pessoal, quando estiver a ler estas linhas, o pior já passou, aproveite esta oportunidade para recomeçar de novo e aumentar-se a si próprio. Como já percebeu, o mundo e o “seu mundo” podem mudar a qualquer momento. O segredo é estar preparado e saber como agir perante a adversidade, seja ela qual for. Sem pânico, com os pés bem assentes na terra e com um rumo bem definido. Seja o dono do seu dinheiro.

Leia ainda: Quanto paga a si próprio todos os meses?

Pedro Andersson nasceu em 1973 e apaixonou-se pelo jornalismo ainda adolescente, na Rádio Clube da Covilhã. Licenciou-se em Comunicação Social, na Universidade da Beira Interior, e começou a carreira profissional na TSF. Em 2000, foi convidado para ser um dos jornalistas fundadores da SIC Notícias. Atualmente, continua na SIC, como jornalista coordenador, e é responsável desde 2011 pela rubrica "Contas-Poupança", dedicada às finanças pessoais. Tenta levar a realidade do dia a dia para as reportagens que realiza.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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