Semana Mundial do Investidor: A importância do conhecimento

O investimento pode ter um papel determinante no nosso futuro. E quanto mais cedo percebermos isso, melhor será a nossa vida.

A World Investor Week (Semana Mundial do Investidor) é uma iniciativa global promovida pela IOSCO (Organização Internacional de Valores Mobiliários), com o objetivo de alertar para a importância da educação financeira e da proteção do investidor. Em 2023, realiza-se pelo sétimo ano consecutivo.

Cada vez mais existe a consciencialização, por parte das entidades competentes, da importância de “comunicar” e passar informação à população, com linguagem acessível e assertiva. Este ano, a CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) voltou a desenvolver temáticas e debates importantes com o objetivo de promover a literacia financeira. Foi uma semana caracterizada por um conjunto de iniciativas junto de um público-alvo previamente definido e com transmissão online.

CMVM – Regular, proteger, comunicar, acrescentar

Para podermos continuar a caminhar no sentido certo é importante que as instituições se adaptem e percebam o seu papel. Com a organização da Semana Mundial do Investidor, a CMVM procurou “trabalhar” três pontos importantes: reforçar o seu estatuto de entidade reguladora dos mercados de capitais; reforçar a importância que os mercados de capitais podem ter para as empresas e, em simultâneo, para o desenvolvimento da economia; e, por último, a noção de que uma instituição com esta importância tem de saber comunicar e tem de ir mais além.

Por outras palavras, a CMVM tem como função proteger os investidores. Se, por um lado, o papel de regulador efetivo está sempre presente e tem vindo a ser desempenhado há muitos anos de uma forma eficaz, por outro, existe a vertente moral que é o extra mile e que pode fazer toda a diferença. De uma forma simples, qual a melhor forma de se proteger um investidor? A resposta mais óbvia é: disponibilizar-lhe o máximo de informação possível.

Em Portugal, é importante que as organizações com relevância tenham a perceção da sua importância e da forma como podem contribuir positivamente para o desenvolvimento da sociedade. Este é um caminho difícil, porque obriga a uma alteração interna e a desenvolver uma imagem diferente junto de um público cada vez mais exigente e pouco motivado para um tema tão importante como a literacia financeira.

Com estas iniciativas, a CMVM está a aproximar-se de TODOS, a adaptar-se aos novos tempos, a reforçar as suas competências (regulação + informação) e a descomplicar temas, através de conteúdos simples e palestras ou debates interessantes. No limite, neste campo, será fundamental que a população perceba que a literacia financeira, o investimento ou a gestão de poupanças são assuntos muito sérios, mas que não têm de ser chatos. Esta pode ser a diferença para motivar uma sociedade que tem um índice de literacia financeira muito reduzido e que tem pouca cultura de investimento, a aproximar-se e a desenvolver competências num tema que pode fazer tanta diferença nas nossas vidas.

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Processo de investimento

De todos os temas abordados ao longo dos cinco dias de sessões, o processo de investimento foi o que teve mais enfoque. Diferentes oradores abordaram e debateram este tema. Trata-se de um dos pontos principais para qualquer pessoa que queira começar a investir ou a tomar contacto com o “mundo dos investimentos”.

Em todas as sessões, foram mencionadas algumas caraterísticas fundamentais que um investidor deve ter sempre em mente. A informação e o conhecimento são fundamentais e devem estar sempre presentes. Quem quiser potenciar as suas poupanças deverá perceber que tem de estar constantemente a atualizar-se, a desenvolver competências e a perceber o meio envolvente, de forma a que as suas decisões sejam devidamente fundamentadas. É ainda importante perceber que o contexto de cada um de nós é diferente, ou seja, o que pode ter lógica para uma pessoa pode não o ter para mim.

Dito de outra forma, cada um de nós deve ter o seu plano em função das suas circunstâncias e dos seus objetivos. Devemos ainda reforçar que o investimento é um processo e não uma decisão. O investimento exige paciência, resiliência, racionalidade e disciplina. Por muitas variáveis que possamos dominar, temos de perceber que existem sempre cenários que não controlamos e que podem colocar em causa a nossa tese de investimento. Nesses momentos, devemos analisar os motivos pelos quais investimos em determinados ativos e validar ou não essa opção, em função dos dados que, entretanto, surgiram. O processo é continuo e não estático, assim como os nossos objetivos que vão mudando com o passar dos anos.

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Andar vs. investir

Numa das sessões da Semana Mundial do Investidor, em que tive oportunidade de participar, fiz o paralelismo entre aprender a andar e investir. Numa primeira fase, parece impossível começar a andar. Contudo, as crianças com resiliência continuam a tentar até encontrarem um ponto de equilíbrio que lhes permite darem os primeiros passos. No investimento, é similar, no início tudo parece muito complicado. Desistir pode ser a solução mais fácil, mas se continuarmos vamos começando a adquirir competências que, com o passar do tempo, nos vão permitir encontrar um equilíbrio, que é o ponto em que nos começamos a sentir confortáveis com o tema.

Voltando às crianças, depois de começarem a andar aprendem a correr. Isto significa que já não precisam mais de ajuda? Não, ao longo da vida todos vamos precisar de ajuda. Sabemos andar e correr, mas também caímos. Acontecem-nos situações inesperadas. No investimento, é similar. A partir do ponto de equilíbrio, já estamos confortáveis e podemos começar a dar os primeiros passos com confiança, sempre com a noção de que vamos “cair” ao longo do percurso, que nem tudo vai correr bem e que o investimento é um processo que exige as caraterísticas que apontei anteriormente e que reforço: resiliência, paciência, racionalidade e disciplina. Por fim, existe um último ponto que liga o saber andar e o processo de investimento. Quando começamos a andar depressa aprendemos a correr. Mas com o passar dos anos o nosso corpo vai ficando mais frágil e começamos a deixar de correr, passando apenas a andar e, por vezes, com dificuldade. A velocidade das nossas vidas começa a abrandar. No investimento é similar. Enquanto somos jovens, podemos “acelerar” mais, adotar mais risco, porque temos mais tempo para o gerir. Quando começamos a ficar mais velhos a tendência é reduzir a volatilidade da nossa carteira porque, em vez de arriscar mais, pretendemos consolidar o nosso património.

Em resumo, andar é fundamental nas nossas vidas e todos reconhecemos isso. Já o investimento, pode ter um papel determinante no nosso futuro e poucos o reconhecem ou lhe dão valor. Enquanto sociedade, quanto mais cedo percebermos isto, melhor serão as nossas vidas.

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Apaixonado pelo desporto e economia, foi jogador profissional de Futebol, tendo atuado em clubes como S.L. Benfica, Estoril, entre outros. Conciliou a carreira desportiva com a académica, terminando a licenciatura em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (NOVA SBE). Continua ligado às suas duas paixões profissionais, desempenhando a função de Financial Advisor e colaborando como analista desportivo na CNN Portugal. Foi comentador residente no programa Jogo Económico do JE e Presidente do Conselho Fiscal da Federação Portuguesa de Footgolf. (FPFG). Participa com regularidade em eventos sobre Literacia Financeira.

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