Chega o tão esperado dia (neste caso o episódio 16, da temporada 3) e é a marabunta. Na Black Friday, toda a gente sai de casa à procura do negócio do ano. Não vai ser fácil… Os Teen Titans, esses, sabem que têm de se preparar para a batalha.

No sítio em que vivem já há filas a formar-se. É preciso ir depressa para a porta das lojas, guardar lugar, antes que os melhores produtos desapareçam. “É o acontecimento mais importante do ano”, relembra o Cyborg. Afinal, toda a gente adora bons negócios!  Desta vez, até o geralmente cético Robin concorda: “Ficar em filas enormes para poder comprar coisas com 70% de desconto é o maior ato de amor.” Porém, nenhum argumento parece convencer Starfire; ela não está disposta a esperar horas em filas, e depois a levar cotoveladas, só para comprar artigos desnecessários…

O Beast Boy bem tenta aliciá-la com o que vem escrito nos panfletos: “Metade do preço em ecrã de 70 in polegadas. A imagem que você adora a um preço que ela adora.” Nada a fazer, para Starfire isso não passa de publicidade a uma televisão barata. Em vez de ir à loja, prefere retirar-se para a terra dos sonhos e assim escapar à malfadada Black Friday.

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Ir ao passado relembrar o que se perdeu

Enfim, há pessoas que, simplesmente, não se interessam pelo dia. Será? O episódio segue então o conhecido rumo do conto de Natal de Charles Dickens. Robin, disfarçado de fantasma da Black Friday do passado, relembra a Starfire o que se passou na Black Friday do ano anterior. Nessa sexta-feira, ela queria comprar um sistema de som surround, a um preço muito baixo, para fazer uma surpresa aos amigos. Lá estivera na loja, mas por ser boazinha, simpática, educada, perdera os artigos que tinha em vista. “Se tivesses dado umas cotoveladas terias conseguido comprar aquele sistema”, evidenciou o fantasma-Robin.

Coisa sem importância? Ela pensara que sim, ao deitar-se. Mas a viagem ao passado mostrava-lhe o que ela perdera: os amigos titãs acordados, a apreciar a nova televisão de LED. Tinham uma cara de enorme infelicidade. Porquê? Por causa da fraca qualidade sonora… Nem queriam ver televisão por causa do som péssimo. “Eles podiam estar agora imersos num grupo de sons direcionais. Podias tê-los salvo desta experiência de visionamento sem graça.”

O pesadelo serviu para mostrar a Starfire a tristeza que as suas ações tinham provocado nos amigos. Deveria juntar-se aos restantes super-heróis, na caça bárbara de bons negócios?

Um mundo de incríveis pechinchas

Sem dúvida. Encontrou-os à porta da loja de eletrodomésticos, a tiritarem de frio. Mas eles não estavam interessados em amizades de última hora. Viam naquela aproximação um esquema para furar a fila. “O início da fila é para pessoas que conhecem o verdadeiro significado da Black Friday”, justifica Robin. E obrigaram-na a ir para o fundo da fila.

Afinal, o importante talvez fosse entrar no espírito da coisa. Cansada, Starfire volta a adormecer e recebe a visita dos fantasmas da Black Friday do presente. É um mundo cheio de incríveis oportunidades. Por exemplo, quando se compra um burrito ou um hambúrguer, recebem-se infinitos grátis.

– Mas como é que isso é possível? – espanta-se a Starfire.

– Se a Black Friday vive nos nossos corações, qualquer negócio é possível – explica o fantasma-Cyborg.

Mas ele e o fantasma-Beast Boy estão ali para mostrar a Starfire outras coisas que ela está a perder no presente. Os titãs que estão ao frio, à porta da loja, à espera da hora de abertura, afinal, entreajudam-se. Servem café uns aos outros, partilham mantas para se aquecerem… Não há gritos ou agressões entre eles. “É o espírito da Black Friday, jovem mortal”, elucida o fantasma-Cyborg. Não gostaria Starfire de participar em algo assim?

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Não se pode ser bonzinho numa certa sexta-feira?

A super-heroína não fica convencida. Tem de haver uma forma melhor de passar tempo de qualidade com os amigos… Mas, quando acorda, as portas já se abriram. Começou a invasão. É a confusão total. Starfire bem tenta dizer aos caros consumidores que não precisam de se comportar como uns selvagens. Para quê venderem a alma, matando-se uns aos outros, só para comprar um computador barato?!

Muitas cotoveladas depois, é a vez de o fantasma da Black Friday do futuro visitar Starfire. Que lhe quer mostrar ele? “As coisas horríveis que podem acontecer se tu não mudares de ideias.” E ali estão os amigos, a viverem num beco sujo. “Sem a tua ajuda, eles pagaram demasiado pelos aparelhos e agora vivem na rua.” E o Cyborg acabara atropelado a tentar comprar um portátil com 90% de desconto, uma pechincha. A visão de tais desgraças enegreceu o bom coração de Starfire.

Honrem lá o espírito da Black Friday, por favor

Graças àquela visita ao futuro, ela iria mudar de atitude e passar a honrar a Black Friday. E ei-la a voar até à loja, onde encontra os amigos embrulhados numa luta sem tréguas, todos pisoteados e prestes a perderem os pontos de fidelidade. Tinham ficado tão perto de conseguir alguns aparelhos com preços mesmo baixinhos… Nada de desesperos, diz Starfire. Ainda há bons negócios para caçar.

E lá vão eles em alta velocidade, num Cyborg feito carrinho de compras, a pegarem em tudo o que tem grandes descontos, a sacar coisas das mãos dos outros, a vencerem os inimigos naquela corrida pelos ótimos negócios. No final, Beast Boy nem acredita no que pouparam na montanha de aparelhos eletrónicos que compraram. Não teriam conseguido sem a Star. Mas ela estava feliz apenas por ter passado tempo com os amigos. E, claro, por lhes ter conseguido o novo sistema de som surround.

Tudo está bem quando acaba bem, não é? Para o espírito da Black Friday, sem dúvida. E é ele que aparece aos Teen Titans, a agradecer-lhes pela crença nesse dia tão especial. Uma crença partilhada por milhões de pessoas em todo o mundo, que mantém o dia bem vivo, “salvando” as pessoas de pagarem o preço por inteiro. “Comprem até cair, jovens Titans. Que o espírito da Black Friday esteja convosco sempre!”

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