Será que as organizações vão começar a substituir as pessoas por IA?

Conseguirão as máquinas tomar o lugar das pessoas nas empresas? E, mais do que isso, conseguirá a IA garantir o sucesso das organizações?

A pergunta espelha os receios de muitas pessoas que começam a ouvir falar cada vez mais de Inteligência Artificial (IA). Parte da responsabilidade é dos meios de comunicação social e redes sociais, que acabam por ter interesse em inflamar o tema. Nada vende mais do que o medo!

Será que isso é mesmo possível? Talvez!

Qual é, afinal, o papel da IA?

De forma generalista, existem dois tipos empresas: o tipo 1, que são empresas focadas no dia a dia, que não apostam na inovação e não estão constantemente a elevar o nível de entrega e a puxar pelo setor onde atuam; e o tipo 2, que são empresas focadas na disrupção e na inovação, que estão constantemente a elevar o nível do que fazem e, com isso, a puxar o setor onde operam para o próximo nível.

Consideremos uma empresa do tipo 1. Amanhã, a comissão executiva da empresa reúne-se e substitui o maior número possível de pessoas por IA. Como resultado, é possível que, no curto prazo, consiga pagar o investimento realizado com a poupança gerada pelos salários das pessoas que despediu, e ter, talvez, uns bons anos pela frente. A médio/longo prazo, porém, a empresa vai desaparecer. Já estaria, possivelmente, condenada ao fracasso, tendo apenas acelerado o processo. A seguir, já vamos ver porquê.

Pensemos agora numa empresa do tipo 2. Esta empresa sabe uma coisa que a do tipo 1 não sabia. O sucesso depende de pessoas motivadas, que vivem a cultura da organização e que todos os dias dão o seu melhor para alcançar as suas metas, que estão ligadas às metas da própria empresa. O sucesso não é construído com base em formulários, qualificações e classificações de cada pessoa.

Não há nada mais precioso para uma empresa do que ter pessoas que sentem que podem fazer a diferença. Esse é o verdadeiro caminho para o sucesso: a capacidade de ter pessoas na empresa dispostas a errar e a continuar a tentar até atingirem o seu objetivo. São as pessoas que fazem as organizações. Sem elas, simplesmente não existem organizações.

E qual é, então, o papel da IA? É servir as pessoas e permitir às empresas reinventarem-se.

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Nada substitui pessoas motivadas. Nem mesmo a IA

É fácil fazer sempre o mesmo, não crescer ou crescer residualmente. É mais fácil ainda dizer que o problema de a empresa não crescer pode ser resolvido substituindo pessoas por IA. Boa sorte!

A IA não vai permitir às organizações reinventarem-se, definindo metas aspiracionais que as vão obrigar a ver o mundo com outros olhos. Na verdade, as metas aspiracionais são quase matematicamente impossíveis de atingir. Mas pessoas motivadas vão errar as vezes que forem precisas até encontrarem a solução. É no desafio que está a motivação.

Se eu digo, hoje, que tenho KPI de crescimento de 10, e que tenho como meta atingir 15 em 3 anos, estamos a falar de um crescimento relativo de 50%. E ninguém pode dizer que 50% é pouco, sobretudo quando vivemos num país que fica feliz quando a economia cresce 2% ao ano. Um crescimento de 50% em 3 anos é quase um milagre.

E se tivermos atualmente um KPI de crescimento de 10, e fixarmos como meta aspiracional para os próximos 3 anos atingir 1.000.000? Quando uma organização tem pessoas motivadas e sem medo de falhar e voltar a tentar, vão ser usadas todas as ferramentas à disposição para fazer o caminho necessário para chegar ao KPI de 1.000.000. E serão estas pessoas que vão fazer as perguntas às quais a IA vai ajudar a dar respostas de forma mais rápida. Quando as coisas estiverem a correr mal - porque vão correr - não contem em ter a IA a motivar as pessoas. Isso não vai acontecer.

As empresas disruptivas são empresas constituídas por pessoas motivadas, que usam todas as ferramentas à sua disposição, como a IA, para atingir as metas que se propõem alcançar em conjunto com a empresa. É esta relação simbiótica que impulsiona a inovação e a transformação dos diferentes setores de atividade. E são estas empresas que estão constantemente a substituir as empresas do tipo 1.

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Co-fundador e COO do Doutor Finanças, Rui Costa é formado em Economia, com especialização em liderança, gestão operacional e Customer Experience. Nasceu em 1988, começou a trabalhar na área de intermediação de crédito aos 23 anos. Natural de Fafe, adora ler e aprender coisas novas. Procura desafiar-se constantemente e de sair da sua zona de conforto. Adora liderar pessoas, dar-lhes as ferramentas certas para as ajudar a crescer do ponto de vista profissional, mas também pessoal, porque as pessoas não são só trabalho, são muito mais.

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