O Barómetro Doutor Finanças Hábitos Financeiros, realizado em parceria com a Universidade Católica, visou analisar o comportamento declarado da população portuguesa na área das finanças pessoais e familiares. Da poupança ao investimento, da forma como se gerem as contas bancárias aos tipos de crédito mais comuns, este estudo faz um raio-x à relação dos portugueses com as contas. Nem o hábito de falar sobre dinheiro em família ou a forma como pais e filhos gerem os seus rendimentos ficaram de fora.
Uma das primeiras conclusões a tirar é que o dinheiro é um tema ausente das conversas de muitas famílias. Cerca de um terço dos inquiridos admite que, em casa, não se fala ou apenas se fala muito esporadicamente sobre dinheiro.
Outra questão analisada no barómetro foi o controlo das contas bancárias. Aqui, conclui-se que 61% dos inquiridos são os únicos responsáveis pela gestão da sua conta bancária. E mesmo para os participantes que vivem com o cônjuge, a percentagem de pessoas com conta separada é grande (57%), ainda que a maioria (54%) tenha também uma conta conjunta.
Metade poupa entre 5 e 20% do salário
Olhando para as poupanças, um dos aspetos que ressaltam do estudo é o facto de 32% dos inquiridos dizerem pôr o dinheiro de lado logo no início do mês, ao passo que 21% afirmam não poupar qualquer parte do salário. Em termos de montantes, quase metade dos participantes no estudo poupa entre 5% e 20% do salário.
No que respeita aos objetivos, a maioria dos portugueses (60%) poupa com o intuito de ter uma reserva em caso de necessidade, ao passo que 21% têm uma compra futura em mente e 13% não têm um objetivo concreto.
Segurança é o critério principal para investir
Quando o tema é investimento, a segurança sobrepõe-se à rentabilidade. Isto fica patente não só nas respostas em relação à razão para investir, mas também nos instrumentos selecionados, com os depósitos a prazo (29%) e os certificados de aforro (15%) a liderarem as escolhas. Aliás, quem investe num único produto, fica-se mesmo pelos depósitos a prazo (17%).
A banca tradicional continua a ser o intermediário financeiro preferido dos portugueses para investir (48%), sobretudo das mulheres. Seguem-se as plataformas de investimento (23%) e as corretoras online (14%), ficando a banca de investimento para último lugar (8%).
Cerca de metade dos inquiridos diz investir de forma independente. Aqueles que precisam de ajuda, preferem o apoio de um familiar ou amigo (13%) ao de um gestor financeiro (10%). Mais comum é o aconselhamento junto do banco habitual (19%).
Metade dos portugueses diz pagar créditos sempre
No que toca a créditos, 53% dos portugueses dizem pagá-los sempre atempadamente. Mas 42% dos inquiridos opta por não responder a esta questão – uma percentagem muito superior à verificada nas restantes perguntas do inquérito.
O crédito habitação é tipo de empréstimo mais comum (27%), seguido do cartão de crédito utilizado regularmente (17%), do crédito automóvel (10%) e do crédito pessoal (10%).
Mesadas e semanadas são pouco comuns
Aos pais que responderam ao inquérito foi perguntado como geriam o rendimento dado aos filhos menores e como estes administravam esse dinheiro. A grande maioria (77%) dos pais com filhos até 6 anos nunca lhes dá dinheiro, mas esse valor cai para 30% entre os 6 e os 10 anos, 10% entre os 10 e os 15, e 3% entre os 15 e os 18 anos.
Entre os 6 e os 18 anos, os filhos recebem dinheiro maioritariamente quando precisam, sem uma periodicidade definida. Quando está estipulada uma periodicidade, a mesada é mais comum entre os 6 e os 10 anos (17%) e entre os 15 e os 18 (27%). Já entre os 10 e os 15 anos é mais habitual a semanada (17%).
Por outro lado, a maior parte dos pais diz que costuma dar dinheiro aos seus filhos quando estes precisam. Nas diferentes faixas etárias (entre os 6 e os 18 anos) esta resposta foi a que recolheu o maior número de respostas.
Independentemente da faixa etária, mais de 70% dos filhos poupam uma parte do rendimento. Quanto à parte que é gasta, os lanches e refeições na escola (25%) e as roupas e artigos pessoais (25%) são as finalidades mais comuns.
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Ficha técnica: Este inquérito foi realizado pelo Centro de Estudos Aplicados (CEA) da Universidade Católica Portuguesa em colaboração com o Doutor Finanças, entre os dias 2 e 17 de abril de 2025. O universo-alvo é composto por indivíduos com 18 ou mais anos residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir de uma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 700 inquiridos é de 4%, com um nível de confiança de 95%.