As fraudes com cartões em Portugal diminuíram em 2024, mas os prejuízos por operação fraudulenta aumentaram de forma expressiva. Segundo o Relatório dos Sistemas de Pagamentos – 2024, divulgado pelo Banco de Portugal em maio de 2025, cada transação fraudulenta com cartão teve um valor médio de 58 euros, o que representa mais 11 euros do que no ano anterior. Ainda assim, a taxa de fraude com cartões caiu para 0,0129%, ou seja, 129 em cada milhão de operações. Por outro lado, o valor total das perdas por fraudes subiu para 8,9 milhões de euros.
Num cenário cada vez mais digital, evoluem tanto os métodos de pagamento como os riscos que lhes estão associados. Este relatório revela não só uma crescente adesão a meios eletrónicos, como cartões e transferências imediatas, mas também um reforço importante da segurança, com novas ferramentas como o SPIN e a confirmação de beneficiário.
Fraudes com cartões: Menos comuns, mas mais dispendiosas
Apesar de a taxa de fraude se manter baixa, o custo médio de cada fraude com cartões aumentou. Houve 129 fraudes por milhão de operações, abaixo das 156 registadas em 2023. Contudo, cada fraude teve um prejuízo médio de 58 euros, mais 11 euros do que no ano anterior.
As transferências a crédito apresentaram 16 fraudes por milhão, com um valor médio de 3.118 euros por operação. A fraude com débitos diretos foi praticamente inexistente: 0,4 fraudes por milhão, com um valor médio de 493 euros. A autenticação forte do cliente foi determinante para conter a fraude.
Nos cartões, a maioria das fraudes ocorreu sem autenticação forte, muitas vezes por roubo de dados. 66% das fraudes resultaram do roubo de dados. Já em 26%, os criminosos alteraram ordens de pagamento, desviando o dinheiro que seria para outra pessoa através da manipulação dos utilizadores ou pela instalação de um malware.
Segundo o Banco de Portugal, a maioria das fraudes ocorre nos pagamentos feitos com cartões portugueses no estrangeiro. Por cada milhão de pagamentos eletrónicos com cartão, há 51.476 fraudes quando os pagamentos são feitos fora da União Europeia (UE). Dentro da União Europeia o número desce para 9.283. Por fim, as fraudes registadas apenas em Portugal são menos expressivas (192).
Já em termos do valor, por cada milhão de euros de pagamentos, registou-se 37.732 euros fraudulentos em pagamentos fora da UE, 13.963 euros na UE e 406 euros em Portugal.
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Em 77% das fraudes é o dono do cartão que assume as perdas
De acordo com o Banco de Portugal, sempre que as operações são iniciadas pelo próprio utilizador ou resultam da utilização indevida de dados pessoais ou credenciais de segurança – como acontece frequentemente nas fraudes com transferências – é o utilizador do serviço de pagamento (normalmente o titular do cartão) que suporta o prejuízo.
Esse foi o cenário em 77% dos casos registados no primeiro semestre. Os serviços de pagamento cobriram as perdas em apenas 8,3% das situações. No total, o prejuízo foi de 8,9 milhões de euros.
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Educação financeira contra fraudes e esquemas digitais
O Banco de Portugal identificou uma evolução nos métodos usados pelos infratores, com recurso a engenharia social, mensagens SMS fraudulentas e falsos investimentos. Tendo estes fatores em conta, as campanhas de sensibilização foram reforçadas.
Os utilizadores são aconselhados a não partilhar dados pessoais nem credenciais de autenticação, a verificar os beneficiários e a desconfiar de mensagens com promessas de lucros rápidos. Estas medidas são cruciais para mitigar os ataques cada vez mais sofisticados.
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