Crédito

Quanto pago por usar o cartão de crédito?

Cada cartão de crédito tem os seus encargos. Mas a forma como o utiliza pode ter um impacto diferente na sua carteira. Saiba porquê.

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Quanto pago por usar o cartão de crédito?

Cada cartão de crédito tem os seus encargos. Mas a forma como o utiliza pode ter um impacto diferente na sua carteira. Saiba porquê.

Em Portugal, os contactos por parte de instituições financeiras a oferecerem um cartão de crédito são muito comuns. Logo, o mais provável é que já o tenham contactado com este tipo de oferta. Por norma, nestas chamadas, o comercial mostra-lhe os inúmeros benefícios do cartão de crédito. São descontos em parceiros, reembolsos ao utilizar o cartão, operações financeiras gratuitas, e há sempre mais.

Mas nem tudo é um mar de rosas. Mesmo ouvindo falar do valor das taxas aplicadas, muitos portugueses não têm noção de quanto pagam efetivamente por usar um cartão de crédito. E quando existe falta de conhecimento sobre este tipo de produto financeiro, os riscos multiplicam-se. É, muitas vezes, este desconhecimento que provoca situações de endividamento.

Por isso, informe-se bem quanto custa usar um cartão de crédito antes de tê-lo na sua carteira. Caso não saiba que contas deve fazer e o que analisar, vamos resumir os principais pontos de seguida.

Leia ainda: Tem cartão de crédito? Saiba como funciona e quais os cuidados a ter

O custo do seu cartão de crédito aumenta com as taxas de juro

Não é novidade que todos os produtos financeiros têm os seus prós e contras. Um cartão de crédito não é uma exceção. É verdade que este produto tem uma modalidade onde não há a cobrança de juros e ainda pode beneficiar de descontos/reembolsos com a sua utilização.

Contudo, quando os clientes optam por pagar usado em prestações, os benefícios diminuem drasticamente. Afinal, os cartões de crédito têm associadas taxas de juro. E as taxas cobradas nos cartões de crédito são as mais elevadas entre todos os tipos de crédito. E quanto mais tempo demorar a pagar este montante em dívida, mais caro ficará a utilização do seu cartão.

Ou seja, os cartões de crédito têm um montante máximo que o cliente pode utilizar. Este montante chama-se plafond. Quando utiliza o seu plafond, tem a possibilidade de amortizar o valor com ou sem juros.

Assim, para não haver cobrança de juros, terá que liquidar a sua divida, na totalidade, num período entre 20 a 50 dias. Atenção que o período varia consoante a instituição, e por isso deve informar-se sempre sobre este prazo.

Caso não tenha a possibilidade de saldar a sua dívida na totalidade, terá que recorrer ao pagamento por prestações. E nestas situações olhe bem para o valor das taxas de juro aplicadas ao seu cartão.

No entanto, não se foque na TAN (Taxa de Juro Anual Nominal), mas sim na TAEG (Taxa Anual de Encargos Efetiva Global). Afinal, é esta última que representa o custo total do crédito. Isto significa que inclui a TAN, impostos, comissões e outros encargos cobrados pela instituição financeira.

Os cartões de crédito são os empréstimos mais caros

Embora sejam os empréstimos mais fáceis de conseguir, quando olhamos para os diversos tipos de crédito ao consumidor, os cartões de crédito são os que têm os juros mais elevados.

Por exemplo, para ter uma ideia mais clara, basta olhar para os limites máximos que as instituições financeiras podem cobrar pela TAEG, de acordo com o Banco de Portugal, na tabela abaixo.

Tipo de crédito

Tipo de contrato de crédito

Limita máximo TAEG 1.º trimestre

Crédito pessoal

Finalidade Educação, Saúde, Energias Renováveis e Locação Financeira de Equipamentos

6,2%

Outros Créditos Pessoais (sem finalidade específica, lar, consolidado e outras finalidades)

13%

Crédito automóvel

Locação Financeira ou ALD: novos

3%

Locação Financeira ou ALD: usados

4,9%

Com reserva de propriedade e outros: novos

9,2%

Com reserva de propriedade e outros: usados

11,9%

Cartões e descobertos

Cartões de crédito, Linhas de crédito, Contas correntes bancárias e Facilidades de descoberto

15,7%

Ou seja, por estes dados, é percetível que se compararmos os limites máximos da TAEG, fica menos dispendioso contratar um crédito pessoal do que usar um cartão de crédito.

Mas o que significa uma taxa de juro de 15,7%? Se os juros aplicados forem deste valor, por cada 100 euros que usa, vai pagar 15,7 euros à entidade financeira.

Claro que entram outros fatores de análise, como o acesso rápido ao montante que precisa, a finalidade, os valores em causa, as taxas e comissões aplicadas, entre outros encargos. Mas regra geral, mesmo que uma instituição financeira não aplique o valor máximo da TAEG (15,7%) ao seu cartão do crédito, este tipo de empréstimo tem um custo final mais elevado.

E por isso, este tipo de decisão deve ser analisada, comparando as condições de cada tipo de crédito e as suas necessidades. No fundo, um cartão de crédito é útil em alturas que não tem liquidez para dar certos passos. No entanto, se não conseguir saldar a dívida no prazo sem juros, estes cartões podem tornar-se perigosos, principalmente se recorrer a estes de forma regular.

O recurso ao cartão de crédito deve limitar-se ao pagamento de despesas imediatas e para as quais não tem a liquidez no momento zero, mas que sabe que terá como pagar uns dias depois. Ou para pagamentos que exigem cartões de crédito, como viagens. Contudo, deve ter o dinheiro necessário para reembolsar esse valor.

Se estiver perante uma situação de maior aperto, depois de algum imprevisto, o que se recomenda é que recorra ao seu fundo de emergência e que evite contrair qualquer tipo de crédito. A utilização dos cartões de crédito num contexto deste é de evitar.

Ainda paga imposto do selo

Além da taxa cobrada pelo montante de crédito utilizado, ainda pagamos impostos. Neste caso, temos de pagar o imposto de selo, que está incluído na TAEG, mas que é importante que tenhamos noção de qual é o seu valor.

O imposto do selo surge em duas alturas distintas (e com valores igualmente distintos). As instituições têm de cobrar 4% no montante dos juros e comissões, quando fazem um financiamento. Mas não é a única altura em que o cliente bancário paga imposto de selo.

Quando recorremos a crédito pagamos um imposto, cuja taxa depende do prazo do financiamento. Assim, as taxas são aplicadas sobre o montante do crédito utilizado:

  • Em prazos inferiores a 1 ano - 0,2115% por mês;
  • Prazos superiores ou iguais a 1 ano e inferiores a 5 anos - 2,64%;
  • Prazos superiores ou iguais a 5 anos - 2,64%;

Já no capital em dívida, em cada mês, em créditos de duração indeterminada, o imposto do selo é de 0,2115%.

Leia ainda: Sabe quais são as informações que integram um cartão de crédito?

Olhe para as comissões do seu cartão de crédito

Ainda dentro da mesma linha de análise, não se esqueça de olhar para as comissões do seu cartão de crédito. A comissão mais óbvia está associada à própria disponibilização do cartão de crédito, que é feita, por norma, anualmente. Embora existam instituições financeiras que isentem o cliente desta comissão, esta é uma análise que deve ter em atenção. No entanto, não é a única.

A maioria dos cartões de crédito tem outro tipo de comissões associadas, como por exemplo na operação de cash advance. Caso não saiba o que é esta modalidade, ela é um adiantamento de dinheiro por parte da entidade que gere o seu cartão do crédito.

Por exemplo, se levantar dinheiro no Multibanco com o seu cartão de crédito, está a utilizar a operação de cash advance. O mesmo se aplica em levamentos no balcão de uma instituição financeira.

E este tipo de operação costuma ter comissões que assumem dois formatos. O primeiro é um valor fixo pela operação. O segundo é aplicado através de uma percentagem sobre o valor adiantado pela instituição financeira.

Assim, antes de ter um cartão de crédito deve informar-se sobre todas as comissões aplicadas nos vários tipos de operações, inclusive nas operações no estrangeiro. Caso pretenda comparar os custos associados à disponibilização de um cartão ou de uma operação de cash advance, pode aceder ao comparador de comissões do Banco de Portugal.

Leia ainda: Tenho mesmo de utilizar o cartão de crédito no estrangeiro?

Cuidado para o seu cartão de crédito não se tornar uma dívida eterna

Se já possui um cartão de crédito, é provável que esteja familiarizado com muitos dos tópicos referidos. No entanto, para evitar que este produto coloque as suas finanças em risco, evite ao máximo banalizar a sua utilização.

Como explicámos, quando faz compras com o seu cartão de crédito e opta por liquidar o valor em várias prestações, sujeita-se a pagar juros muito elevados. Numa primeira fase, se apenas fizer uma compra de valor significativo, esta solução pode parecer acertada.

Afinal, com uma prestação mais baixa não coloca o seu orçamento familiar em risco e consegue cumprir com as suas obrigações. Mas, deve estar consciente que acabará a pagar um valor muito superior ao que pediu emprestado.

Embora esta não seja a melhor estratégia para poupar, esta decisão não é preocupante. O grande problema deste tipo de escolha é quando existe uma utilização recorrente do seu cartão de crédito.

Ou seja, se antes de liquidar um valor em dívida voltar a recorrer ao seu cartão de crédito, o montante em dívida irá aumentar. E se para diminuir o peso deste novo empréstimo alargar ainda mais o número de prestações, irá ver o valor dos juros a aumentar. Quando este tipo de utilização se torna num hábito, corre o risco de passar o resto da vida a pagar o seu cartão de crédito.

Além disso, o risco de incumprimento vai sendo cada vez maior, e pode mesmo acabar por ficar numa situação de sobreendividamento.

Por isso, reveja os seus hábitos de consumo, pense bem antes de usar o cartão de crédito, e opte por fazer as suas compras através de poupanças e não de créditos. Se precisar mesmo de recorrer ao seu cartão, liquide o valor em dívida na totalidade ou pague no menor número de prestações possíveis.

Tem vários cartões a colocar as suas finanças em risco? Avalie a consolidação de crédito

Caso tenha alguns cartões de crédito, é normal que neste momento as prestações levem uma grande fatia do seu orçamento. E se está a ter dificuldades em pagar estas dívidas, não caia na tentação de recorrer a mais um cartão de crédito. Este tipo de decisão só irá piorar a sua situação financeira. 

Se está a questionar-se o que pode fazer para conseguir sair desta bola de neve, a solução pode estar em consolidar os seus créditos. O crédito consolidado não é mais do que a junção de vários créditos num só.  

E qual o benefício? É que além de ficar com uma única prestação (sendo mais fácil de organizar as suas obrigações), as taxas de juro são mais reduzidas. E isto pode significar uma diminuição significativa do valor total que paga em prestações atualmente. Por isso, informe-se se reúne os requisitos para recorrer a um crédito consolidado.

Leia ainda: Vantagens e desvantagens do crédito consolidado

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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