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Jovem estudante a conciliar os estudos com um emprego. Jovem está numa loja ao computador a ilustrar o tema estudar e trabalhar

Em Portugal, cerca de 12% dos jovens entre os 15 e os 29 anos acumulam os seus estudos com um emprego, enquanto a média da União Europeia ronda os 25,7%, segundo o Eurostat. Apesar dos números modestos, estudar e trabalhar pode ser uma escolha estratégica ou uma necessidade imposta pelas circunstâncias.

Neste artigo, explicamos de forma clara as vantagens e desvantagens desta combinação.

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Vantagens de estudar e trabalhar

Conciliar estudos e emprego pode abrir portas. Mas exige esforço e resiliência. Estas são as principais vantagens.

1. Obter independência financeira desde cedo

Trabalhar durante os estudos permite atingir uma autonomia financeira ainda jovem. Muitos estudantes usam o rendimento obtido para pagar renda, transportes, alimentação ou materiais escolares. Com o custo de vida a aumentar, especialmente em cidades como Lisboa e Porto, o custo de vida de um jovem pode ultrapassar os 1.000 euros mensais, caso o jovem saia de casa dos pais. Nestes casos, a independência torna-se, para muitos, essencial.

Mesmo no caso dos jovens que vivem com os pais, estudar e trabalhar reduz a dependência económica da família, algo importante para quem vem de contextos mais frágeis.

Além disso, há também quem escolha trabalhar para conseguir juntar algum dinheiro para investir no futuro, seja numa pós-graduação, numa viagem ou até num projeto pessoal.

Ter um ordenado, por pequeno que seja, ajuda a desenvolver desde cedo uma noção real de gestão financeira, o que contribui para hábitos mais saudáveis no futuro.

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2. Desenvolvimento de competências profissionais e sociais

Estudar e trabalhar em simultâneo proporciona experiências valiosas que vão além da sala de aula. Ao entrarem mais cedo no mercado de trabalho, os estudantes ganham competências como pontualidade, responsabilidade, trabalho em equipa, comunicação e capacidade de adaptação.

Estas soft skills são cada vez mais valorizadas pelos empregadores. Quem chega ao fim da licenciatura com experiência profissional, mesmo em áreas fora da sua formação, entra no mercado de trabalho com alguma vantagem.

Por outro lado, trabalhar durante os estudos obriga a lidar com diferentes contextos sociais e culturais, o que contribui para um crescimento pessoal mais acelerado e uma maior maturidade.

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3. Melhoria da empregabilidade após a graduação

Alguns estudos indicam que os jovens que conciliam um trabalho com a vida académica têm maior facilidade em encontrar emprego após a conclusão do curso. Esta vantagem é ainda maior se o trabalho estiver ligado à área de formação. Isto porque os empregadores valorizam a experiência adquirida.

Além disso, existem empresas que optam por contratar estagiários ou trabalhadores-estudantes que já conhecem internamente. Esta transição natural pode significar o primeiro passo para uma carreira sólida.

A entrada precoce no mundo laboral também permite compreender melhor as exigências do mercado, facilitando escolhas futuras de especialização ou formação complementar.

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4. Maior valorização do tempo e organização pessoal

Gerir o trabalho e os estudos exige um planeamento rigoroso. A falta de tempo obriga o estudante a definir prioridades, gerir prazos e otimizar recursos. Esta aprendizagem torna-se uma vantagem duradoura ao longo da vida, tanto em contextos académicos como profissionais.

Pessoas que conciliam ambas as atividades tendem a desenvolver um forte sentido de organização e disciplina. Ao mesmo tempo, aprendem a valorizar o tempo livre e a encontrar formas eficientes de estudar.

Esta competência de gestão do tempo é frequentemente apontada como uma das mais importantes para quem deseja crescer no mundo profissional.

Desvantagens de estudar e trabalhar

Nem tudo são ganhos. Trabalhar enquanto se estuda tem custos pessoais, académicos e emocionais.

1. Sobrecarga e elevado nível de stress

A principal desvantagem de estudar e trabalhar é a pressão constante sobre o tempo disponível. Entre aulas, turnos de trabalho, estudos e avaliações, muitos estudantes sentem-se esgotados e sem margem para descansar.

Este desgaste pode ter consequências sérias, tanto físicas como emocionais. A fadiga acumulada, a privação de sono e o stress prolongado afetam o rendimento académico e aumentam o risco de problemas de saúde.

Sem uma gestão equilibrada, a rotina pode tornar-se insustentável e comprometer o desempenho em ambas as frentes.

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2. Limitação nas oportunidades académicas

Quem trabalha durante os estudos pode ver-se impedido de participar em atividades académicas importantes, como estágios curriculares, intercâmbios, grupos de investigação ou projetos extracurriculares.

Estas oportunidades, muitas vezes decisivas para o currículo, exigem flexibilidade de horário e disponibilidade que os trabalhadores-estudantes raramente têm.

Em Portugal, apesar de existir o estatuto de trabalhador-estudante, muitas instituições de ensino ainda têm dificuldade em flexibilizar horários e adaptar prazos às necessidades reais dos alunos que acumulam funções. Por fim, pode existir uma forte limitação dos cursos de Ensino Superior para quem trabalha de dia e pretende tirar uma licenciatura em horário pós-laboral.

3. Impacto negativo no desempenho escolar

Nem todos conseguem manter o nível de desempenho quando estudam e trabalham. Afinal, o cansaço, a falta de tempo e o excesso de responsabilidades fazem com que alguns estudantes deixem de frequentar aulas, entreguem trabalhos fora do prazo ou não consigam estudar o suficiente para os exames.

Em cursos mais exigentes, este esforço extra pode comprometer a nota final e até levar à desistência. Segundo os dados mais recentes da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), são cada vez mais os estudantes que abandonam os estudos após o primeiro ano. 12,9% dos estudantes desistiram do ensino superior após o primeiro ano do curso, no ano letivo 2021/2022.

A carga horária dos empregos, especialmente em regime de part-time com horários rotativos, pode agravar este cenário.

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4. Redução do tempo para lazer, família e vida pessoal

Outro efeito colateral desta dupla jornada é o sacrifício da vida pessoal. Com tantas obrigações, sobra pouco tempo para convívios, desporto, hobbies ou simplesmente descansar.

Esta ausência de momentos de lazer pode prejudicar a saúde mental e o equilíbrio emocional. O isolamento social é também um risco real para muitos trabalhadores-estudantes, que se afastam de atividades que ajudam a aliviar a pressão do dia a dia.

Ter tempo livre é essencial para manter a motivação e prevenir o burnout. E muitas vezes, esse tempo é o primeiro a ser comprometido quando se tenta conciliar demasiadas exigências.

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Estratégias para tirar partido de estudar e trabalhar

Apesar das dificuldades, é possível tirar partido desta experiência com algumas estratégias práticas. Comece por estabelecer prioridades claras e criar uma rotina realista. Não tente fazer tudo: há momentos em que o estudo terá de vir primeiro, e outros em que o trabalho exigirá mais foco.

Procure empregos com horários fixos e com alguma flexibilidade. Veja que tipo de vagas existem em empregos em regime part-time com horário fixo ou trabalhos que se realizem apenas ao fim de semana.

Finalmente, não hesite em pedir apoio. Muitos estabelecimentos de ensino têm serviços de apoio psicológico, bolsas de estudo, ou até parcerias com empresas para estágios mais flexíveis. Informar-se e saber os seus direitos pode fazer toda a diferença.

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A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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