Um novo ano é sempre uma hipótese de começar tudo de novo, deixando para trás algumas más decisões. Por isso, e para que tal seja uma realidade, dedique algum tempo a planear as suas finanças e entre em 2023 com o pé direito.
O que já sabemos que vai acontecer em 2023
O próximo ano promete trazer grandes desafios às famílias portuguesas. Se tem crédito habitação com uma taxa de juro indexada à Euribor, na data da revisão, seja ela trimestral, semestral ou anual, a prestação do seu empréstimo irá aumentar porventura em algumas centenas de euros. O que certamente irá complicar o seu orçamento mensal até porque não se prevê que os salários aumentem na mesma proporção.
Por outro lado, com a taxa de inflação a manter-se nos níveis atuais, os restantes gastos mensais também irão subir em 2023.
Feitas as contas, no próximo ano, se não planear adequadamente as suas finanças, irá perder poder de compra. Ou seja, estará pior do que em 2022. Mas existem formas de contrariar este cenário negativo. E neste artigo vamos procurar dar uma ajuda.
Como aumentar o seu rendimento
Aumentar o seu rendimento poderá passar por encontrar outro emprego onde ganhe mais. Se está descontente com o seu emprego atual, pode ser uma hipótese. Mas se não for o caso, fale com o seu superior hierárquico e tente negociar um aumento de salário.
Outra alternativa ao seu alcance será obter rendimentos adicionais:
- Se é bom em algumas matérias escolares inscreva-se em sites de explicadores ou anuncie na sua área de residência que está a dar explicações, a que anos e quais as matérias;
- Venda o que já não usa em sites de venda em segunda mão;
- Se gosta de crianças e tem tempo livre, inscreva-se em sites de oferta de serviços de babysitting;
- Todos gostamos de comida caseira. Se é bom cozinheiro experimente anunciar os seus produtos nas redes sociais. Muitos negócios começaram por aí.
Leia também: Despesas a aumentar? Ideias para obter um rendimento extra
Como diminuir as despesas
É certo que pode tentar reduzir todas as suas despesas mensais. Mas, com a subida das taxas de juro, o seu principal objetivo será seguramente reduzir os seus encargos financeiros.
Faça o que considerar mais adequado para si, mas lembre-se que o objetivo final será minimizar o impacto da conjuntura económica no seu orçamento familiar. Por isso, planear antecipadamente as suas finanças é primordial.
Assim para reduzir os seus encargos financeiros poderá:
- Amortizar empréstimos;
- Reduzir os encargos dos seus empréstimos;
- Liquidar a dívida do cartão de crédito;
- Rever a carteira de seguros;
- Criar ou reforçar o seu fundo de emergência.
Amortizar empréstimos
Ao planear as suas finanças, este pode ser o seu primeiro passo. Já viu que a taxa de juro que paga pelos seus empréstimos é maior do que a que recebe pelas suas aplicações financeiras, nomeadamente depósitos a prazo? Então comece por analisar se vale a pena usar algum do valor que tem aplicado na amortização parcial ou total de algum ou alguns dos seus empréstimos. Lembre-se que, se o fizer, o valor total das suas prestações mensais irá diminuir e conseguirá, assim, aliviar o seu orçamento mensal.
Comece por analisar todos os empréstimos que tem. Liste o valor inicial do empréstimo, o valor atualmente em dívida, a taxa de juro, a prestação mensal e a data de vencimento de todos eles.
Se tem crédito habitação e créditos pessoais, facilmente verá que estes últimos têm taxas mais altas e prazos mais curtos. Assim, pondere amortizar ou liquidar estes empréstimos em primeiro lugar, deixando o crédito habitação para o final.
A decisão de qual liquidar primeiro pode não ser fácil. Pode liquidar o crédito que está mais perto do final e acabar com essa prestação ou, em alternativa, amortizar parcialmente o crédito com maior prestação. Em suma, opte por amortizar aquele que reduzirá mais o valor total das suas prestações mensais.
Liquidar na totalidade a dívida do seu cartão de crédito
Se usa o seu cartão de crédito para a generalidade das suas compra e não paga o valor em dívida na sua totalidade no mês seguinte, certamente já reparou que o valor da dívida do seu cartão de crédito não para de aumentar.
A razão é simples: é que sobre o montante não pago no mês e que transita para o mês seguinte vai pagar juros. E uma taxa muito elevada.
Assim, se não paga o seu extrato a 100%, antes de liquidar os seus empréstimos, liquide a dívida do seu cartão de crédito. Estará a evitar problemas futuros. Depois, altere a modalidade de pagamento para 100% e evite usar o cartão de crédito. Caso contrário, dentro de pouco tempo estará perante o mesmo problema.
Reduzir os encargos financeiros dos seus empréstimos
Se não conseguir reduzir o valor dos seus encargos financeiros recorrendo à amortização de empréstimos ou à liquidação da dívida do seu cartão de crédito, ao planear as suas finanças tenha em conta que existem outras maneiras de baixar os seus encargos. Poderá optar por renegociar os seus créditos ou consolidá-los.
Para renegociar os seus créditos, terá de contactar as entidades financeiras que os concederam e tentar negociar uma alteração das condições. Uma hipótese será alargar o prazo do empréstimo, já que ao estender o prazo irá baixar a prestação mensal. Fale com a instituição de crédito justificando o seu pedido de renegociação. Lembre-se que também eles não têm interesse em que entre em incumprimento pelo que certamente estarão abertos a ouvir a sua proposta.
A outra opção que tem ao seu dispor é a consolidação de créditos. A consolidação de créditos consiste em juntar todos os seus empréstimos num só, tendo como objetivo baixar o valor total das prestações que paga mensalmente. Se tiver um imóvel que possa dar como garantia de pagamento deste empréstimo, ou seja, se fizer um crédito hipotecário, beneficia de condições idênticas às do crédito habitação e, por isso, a sua prestação será muito mais baixa.
Leia também: Crédito hipotecário é o mesmo que crédito habitação?
Analise a sua carteira de seguros
Embora não sejam encargos financeiros propriamente ditos, o certo é que podem ter um grande peso no seu orçamento. Por isso não, se esqueça deles quando estiver a planear as suas finanças para 2023. Principalmente o seguro de vida associado ao crédito habitação, cujo prémio sobe todos os anos, apesar do capital seguro ser menor, por via da redução da sua dívida ao banco. Isto acontece porque o prémio do seguro depende também da idade da pessoa segura.
Mas não tome esse aumento como inevitável. Anualmente, peça cotação a várias seguradoras e compare as propostas. Com o mesmo capital e as mesmas coberturas opte por aquela que tiver o preço mais baixo. O seu orçamento agradece.
Não se fique, no entanto, pelo seguro de vida. Faça o mesmo com os restantes seguros, nomeadamente com o seguro automóvel. Lembre-se que o seu objetivo é reduzir gastos.
Constitua ou reforce o seu fundo de emergência
Se pensa que o seu fundo de emergência não exige um grande planeamento, não podia estar mais enganado.
Ainda que não seja um encargo financeiro em si mesmo, o seu fundo de emergência pode ajudá-lo a evitar encargos financeiros no futuro, pelo que deve incluí-lo no seu plano financeiro para 2023.
Como conseguir uma poupança para fazer face a despesas de 6 meses?
Deverá ter no fundo de emergência o correspondente a 6 ou 12 meses de ordenado, sendo este o valor que se considera suficiente para poder continuar a fazer face aos seus compromissos mensais se tiver uma quebra de rendimentos inesperada, como por exemplo, numa situação de desemprego.
Mas não é esta a única finalidade do fundo de emergência. Se tiver alguma despesa inesperada como, por exemplo, o arranjo de carro, ou a compra de um computador, se tiver este dinheiro de parte evita recorrer a crédito bancário ou usar o cartão de crédito, situações onde iria pagar juros. Ou seja, o fundo de emergência funciona como o seu próprio banco onde poderá ir buscar dinheiro quando dele necessita sem ter de pagar juros.
Mas claro, terá de pagar o capital, ou seja, terá de repor o dinheiro que retirou.
Leia ainda: 10 dicas para construir o seu fundo de emergência
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