Dia dos Namorados: O presente, a refeição e o filme

Gasta dias a pensar no presente perfeito para o Dia dos Namorados e depois vive horas desesperadas à procura dele? Não sabe se marca um jantar surpresa no novo restaurante de sushi ou se vai à tasca habitual? Tem dúvidas sobre qual dos filmes recém-estreados será o mais adequado para uma noite especial de cinema? Bem-vindo ao clube.

Entre a surpresa e o realmente desejado

O Dia dos Namorados representa, para muita gente, uma pressão adicional: ninguém quer falhar precisamente na data que se convencionou como sendo especial para um casal! Para evitar deceções, há pares que põem de lado o fator surpresa para garantirem, previamente, que os presentes trocados são exatamente aquilo que cada um deseja receber.

Para outras pessoas, é praticamente impossível prescindir desse momento de descoberta; como passar ao lado desses dias sempre com a mesma pergunta na cabeça: “Que será que ela me vai oferecer?” Às vezes, até se deixam pequenas dicas, pequenos indícios, a ver se o outro está atento… Pois bem, por mais que conheçamos o parceiro, corre-se sempre o risco de acertar ao lado. Não haverá por aí uma fórmula que funcione sempre?

Que presente? Uma canção e uma caneta

A avaliar pelo exemplo do cinema, não. Em termos de presentes, ou de atos que demonstrem o amor pela outra pessoa, há demasiado por onde escolher. Acaba por ser até curioso como algumas coisas banais se tornaram cenas de culto.

O filme “Say Anything” (Não Digas Nada), de 1989, mostra-nos primeiro o amargo de um presente de despedida: uma caneta. “Eu dei-lhe o meu coração, ela deu-me uma caneta”, diz o confuso John Cusack. Depois, vem a icónica cena em que ele tenta recuperar a rapariga: ei-lo fora do carro, próximo da janela do quarto dela, a segurar o radiogravador portátil acima da cabeça, para lhe fazer uma serenata com a música “In Your Eyes”, de Peter Gabriel. Mesmo que não envolva anel de diamantes, eis um momento inesquecível.

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O restaurante ali das traseiras

Nesta era de curtas mensagens virtuais, uma caneta pode servir para escrever uma carta de amor à antiga. E, atualmente, não há nada mais fácil do que pegar numa coluna portátil e meter a tocar a canção que demonstre o amor que sente pela outra pessoa. Portanto, de presentes estamos conversados. E agora, onde jantar?

Nos filmes, a sugestão é irmos ao “Tony’s Restaurant”, especializado em comida italiana. Foi lá que um cão rafeiro e uma cadelinha de raça se apaixonaram. O vira-latas era conhecido dos donos e levou-a às traseiras do restaurante. Tony, o empregado, montou-lhes uma mesa, à luz de vela, e Joe, o cozinheiro, serviu-lhes um prato de esparguete com almôndegas. Tiveram direito a serenata e, sob o luar, deu-se a magia do primeiro beijo, quando chuparam o mesmo fio de esparguete. A cena continua a ser ternurenta; o filme “Lady and the Tramp” (A Dama e o Vagabundo, 1955), um clássico.

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Listas e listas com sugestões de filmes

Se o conto do rafeiro e da cadelinha de sociedade também nos fala do amor que vence barreiras, falta saber qual o filme que pode terminar a noite na perfeição. A internet está cheia de listas com sugestões de filmes para o Dia dos Namorados. “Titanic” (1997) ou “Pretty Woman” (Um sonho de Mulher, 1990) são dois dos mais referidos, mas confessamo-nos incapazes de uma resposta definitiva.

Vamos lá a ver: têm um filme favorito em comum? Bem podem tornar uma tradição vê-lo sempre no Dia de São Valentim; mesmo que seja de terror, pois o amor, no fim de contas, não tem género. Preferem ver aquele filme acabadinho de estrear? Pois seja. Querem mesmo é ver cinco episódios seguidos da série preferida? Vamos a isso. No fundo, é tudo uma gestão de expectativas: quando o rafeiro empurra com o focinho a última bola de carne em direção da cadelinha chique, aquele simples gesto bem pode tornar-se no gesto mais romântico do mundo.

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O filme perfeito é o vosso filme

Entre os inúmeros filmes possíveis, há um que à partida até poderia revelar-se o mais adequado de todos: “Valentine's Day”. Conhecido em Portugal como “Dia dos Namorados”, este título de 2010 reúne um dos elencos mais incríveis de sempre: Julia Roberts, Kathy Bates, Patrick Dempsey, Hector Elizondo, Queen Latifah, Anne Hathaway, Jessica Alba, Jessica Biel, Jamie Foxx, Jennifer Garner, Ashton Kutcher, Bradley Cooper… É verdade que nem sempre o mais vistoso, ou o mais famoso, se revela o melhor, mas evitemos grandes comentários a favor ou contra: se houver algum casal que adore esta história de encontros e desencontros no dia de S. Valentim, então esse será o filme mais adequado para uma noite especial. Na companhia certa, até as coisas menos brilhantes se podem tornar na coisa perfeita.

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Paulo M. Morais

Paulo M. Morais cresceu a jogar futebol de rua e a ouvir provérbios ditos pelas avós. Licenciou-se em Comunicação Social e especializou-se nas áreas do cinema, dos videojogos e da gastronomia. É autor de romances e livros de não ficção. Coleciona jogos de tabuleiro e continua a ver muitos filmes. Gosta de cozinhar, olhar o mar, ler.