Se está a pensar solicitar um crédito bancário, seja um crédito pessoal ou um crédito habitação, é importante que reserve tempo para analisar e comparar as várias propostas que tem em cima da mesa. Afinal, consoante a finalidade do empréstimo, as instituições financeiras podem oferecer condições distintas, e se não estiver familiarizado com alguns conceitos, nem sempre é fácil perceber se está a escolher a melhor opção.
Por isso, é fundamental saber como comparar propostas de crédito, pois existem condições que até podem parecer atrativas numa análise superficial, mas acabam por não ser a melhor opção, se somarmos todos os custos envolvidos.
Assim, para que possa fazer uma análise mais objetiva, na hora de comparar propostas de crédito, tenha em consideração os conceitos que se seguem.
Finalidade do empréstimo
Quando pensamos em pedir um empréstimo para alcançar um determinado objetivo, ou cobrir uma despesa específica, importa ter presente que, atualmente, os bancos dispõem de uma vasta oferta de créditos, principalmente se estivermos a falar da contratação de um crédito ao consumo.
Um crédito ao consumo, significa que o banco está a emprestar-lhe um determinado montante para financiar a compra de bens de consumo, que podem abranger a saúde, uma viagem ao estrangeiro, uma formação ou até a aquisição de um automóvel. Embora existam regras estabelecidas no crédito ao consumo, como o valor máximo não poder ultrapassar os 75 mil euros e a fixação trimestral de uma taxa de juro máxima pelo Banco de Portugal, a finalidade do crédito pode influenciar as suas condições.
Por exemplo, imagine que pretende um empréstimo de 10 mil euros e que usará grande parte do montante na aquisição de um automóvel. Se existir mais que uma finalidade para o crédito, provavelmente teria que contratar um crédito ao consumo com multifunções. No entanto, também pode colocar em cima da mesa a hipótese de contratar um crédito automóvel, com o valor apenas da aquisição do carro pretendido.
Sugerimos que analise ambas as hipóteses porque dentro das mesmas instituições financeiras, estas duas finalidades podem ter condições diferentes, que representam no final do empréstimo uma poupança significativa. Por norma, um crédito automóvel pode ter melhores condições, desde uma TAEG mais baixa comparativamente a um crédito com multifunções, para além de que o valor das comissões bancárias podem ser distintas. Se, no final, o crédito automóvel for mais vantajoso, o valor que irá poupar pode compensar a aquisição de outros bens através de uma poupança, em vez de recorrer a um crédito.
Não se esqueça que um crédito pessoal é muito distinto de um crédito habitação. A diferença reside, principalmente no valor, no prazo, nas taxas, mas também nas garantias. Na maioria das situações, deve sempre analisar as propostas de crédito com base na finalidade a que este se destina, pois sabendo o propósito exato, a entidade financeira pode ter soluções mais vantajosas para si. No entanto, em caso de dúvida, compare as condições.
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"Um bom spread" chega para tomar a decisão?
Atualmente, existem inúmeras campanhas publicitárias onde é anunciado um spread baixo, apresentado como sendo a melhor solução. No entanto, é preciso ter atenção que um spread mais baixo não significa obrigatoriamente que essa proposta é mais vantajosa que outra. Como já foi referido, existem diversos fatores a ter em conta, e por isso, não se deve basear, unicamente, no valor do spread para tomar uma decisão.
Assim, saiba que o spread é a percentagem de juros que o banco vai beneficiar ao conceder-lhe o seu crédito. Logo, quanto menor for o spread contratado, menos juros terá que pagar àquela entidade financeira. No entanto, é preciso ter atenção que um spread baixo pode estar diretamente ligado ao englobamento de outros produtos no seu contrato de crédito. E se esses produtos subirem consideravelmente o valor a pagar mensalmente, ou trouxerem outro tipo despesas, é necessário fazer contas para perceber se a proposta com o spread mais baixo é realmente a melhor opção.
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TAN e TAEG
Embora possam ser confudidas, existem diferenças claras entre a Taxa Anual Nominal (TAN) e a Taxa Anual de Encargos Efetiva Global (TAEG), razão pela qual é preciso estar atento a cada uma, na hora de comparar propostas de crédito. A TAN é uma taxa que costuma ser usada em operações que envolvem um pagamento de juros sobre um determinado crédito, tendo também a função de medir o custo do crédito. No entanto, mesmo sendo um indicador que deve ser analisado, uma vez que indica o montante de juros que irá pagar no seu crédito (Euribor + Spread), a TAN não inclui outras despesas envolvidas no crédito. E por isso, a sua atenção deve centrar-se na TAEG.
A TAEG assume especial importância porque representa o valor do custo total que o crédito terá para cada consumidor. Ou seja, na TAEG estão englobados os juros, impostos, comissões, comissões de manutenção de contas bancárias, seguros e até outros encargos referentes à contratação do crédito. Assim, aquando da comparação das propostas, o valor da TAEG é um dos pontos mais importantes para o consumidor perceber se as condições são realmente mais vantajosas numa entidade do que em outra.
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MTIC
No caso de pretender analisar os custos totais que um crédito representa a longo prazo, o indicador a ter em atenção é o MTIC, Montante Total Imputado ao Consumidor. Para muitas pessoas, em termos práticos, o que interessa é o valor total que irão pagar mensalmente, pois é esse valor que tem um impacto direto nas contas mensais. No entanto, se quiser perceber o valor total em euros do seu crédito (que engloba o capital que pediu emprestado, os juros, comissões, impostos, seguros e outras despesas), o MTIC mostra-lhe o valor efetivo que irá suportar, ao contrário da TAEG, que apenas lhe dá acesso ao valor percentual.
Se pedir diferentes tipos de simulações, onde o prazo do empréstimo difere, é normal que as propostas onde o crédito tenha um prazo de pagamento mais longo, o MTIC seja mais elevado, pois inevitavelmente irá pagar mais juros.
Produtos englobados ou que precisa de subscrever
Tal como referimos anteriormente, um bom spread ou taxas ligeiramente mais baixas, não significam obrigatoriamente que está perante as melhores propostas. Se, por exemplo, um banco oferecer um spread mais baixo que as restantes entidades bancárias, mas obrigar à subscrição de PPR, cartões de crédito ou seguros de valor mais elevado, na hora de fazer contas poderá perceber que, afinal, não vai poupar assim tanto ou até vai ficar a pagar mais.
Pode ainda acontecer que alguns produtos não se revelem interessantes para si e, atenção, pois podem trazer despesas e obrigações desnecessárias. Os produtos englobados só são vantajosos se realmente permitirem tirar algum partido ou se, no final das contas, a sua subscrição representar uma poupança comparativamente às outras propostas.
Por isso, é importante que analise se as propostas que tem em mãos têm produtos englobados ou requerem a subscrição obrigatória de determinados produtos. Atente no peso financeiro e nas obrigações que cada produto representa e não deixe de fazer as suas contas.
Existem taxas promocionais na proposta?
Consoante as campanhas em vigor ou as entidades financeiras a quem pedir propostas de crédito, pode existir a possibilidade de beneficiar de taxas promocionais. Neste ponto, é preciso ter atenção à taxa promocional, qual é o desconto oferecido, e a sua duração. Imagine que uma das propostas que recebeu oferece no primeiro ano um spread promocional. Até aqui parece uma boa opção, e até pode realmente ser. No entanto, é preciso ter atenção ao valor que será aplicado posteriormente, e se a poupança relativa à promoção, compensa a longo prazo quando comparada com as outras propostas que recebeu.
Gerar uma poupança adicional no primeiro ano de crédito pode ser bastante aliciante. Contudo, faça sempre contas para perceber se está perante a melhor proposta.
Não menospreze as condições de amortização
Embora não influencie diretamente o valor que irá pagar pelo crédito, nunca se esqueça de analisar as comissões que são cobradas na hora de o amortizar. É normal que nos primeiros tempos não pense na possibilidade de vir amortizar o seu crédito, mas, se estivermos a falar de um crédito habitação, contratado a longo prazo, a dada altura, pode querer amortizar o valor que tem em dívida, e as comissões de amortização podem fazer toda a diferença.
Atualmente, a maioria dos bancos cobra uma comissão bancária que tem o valor de 0,5% quando a taxa de juro é variável e de 2% nos casos de taxa de juro fixa. Mesmo que, por lei, os bancos não possam cobrar mais do que os limites estabelecidos, cada entidade pode ter diferentes condições contratuais específicas, que podem ser mais ou menos vantajosas para si. Assim, antes de contratar um crédito, deve verificar as condições de amortização, para não ter surpresas desagradáveis posteriormente.
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Atenção aos cálculos dos juros
Se quiser estar a par de todos os detalhes das propostas que tem em mãos, pode ser interessante olhar para o modo como o banco vai calcular alguns juros e taxas. Por exemplo, no cálculo da Euribor, a maioria dos bancos faz o cálculo com base em 365 dias. No entanto, se tiver na sua posse uma proposta em que o cálculo da Euribor seja feito a 360 dias, essa proposta pode ser mais vantajosa. É importante que analise todos os outros fatores, mas este é um detalhe a que deve estar atento.
Já no que diz respeito ao cálculo dos juros, também deve dar preferência aos bancos que disponibilizam produtos com juros calculados mensalmente porque existem bancos que calculam os juros diariamente, creditando estes valores apenas no final do mês. Ao utilizarem o cálculo diário, o valor da sua prestação vai variar de mês para mês, podendo acabar por não ser a opção mais vantajosa para os clientes.
O peso dos seguros
Como explicamos, a TAEG engloba o valor dos seguros que irá pagar, por exemplo, num crédito habitação. No entanto, para ter uma noção mais exata do peso que estes representam ou para ver se existem melhores soluções para contratar o seguro de vida e seguro multirriscos à parte, é importante que analise, individualmente, o valor dos seguros.
Na contratação de um crédito habitação, o seguro de vida e o seguro multirriscos representam uma despesa mensal elevada. Quando existem propostas idênticas, que não englobam os seguros na bonificação do spread, é interessante pesquisar as melhores ofertas no mercado para estes dois seguros obrigatórios no crédito habitação. Alguns clientes acabam por poupar um valor considerável, quando optam por contratar estes dois seguros à parte. Porém, tudo depende das condições oferecidas em cada proposta, o valor de cada seguro, entre outros fatores. Ao saber exatamente o valor que cada entidade cobra por estes dois seguros, a sua margem de manobra para negociar é superior.
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