Finanças pessoais

Como ajustar o orçamento familiar até ao final do ano e poupar?

Está com dificuldades em cobrir todas as suas despesas? Saiba como ajustar o orçamento familiar até ao final do ano

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Como ajustar o orçamento familiar até ao final do ano e poupar?

Está com dificuldades em cobrir todas as suas despesas? Saiba como ajustar o orçamento familiar até ao final do ano

Gerir o orçamento familiar nem sempre é uma tarefa fácil para muitas famílias portuguesas. Mas perante a conjuntura económica atual, marcada pela subida da inflação em toda a zona Euro, a maioria dos produtos e serviços sobem o preço regularmente, desde o início da invasão da Rússia à Ucrânia. E desde então, a necessidade de ajustar o orçamento familiar tornou-se essencial, dado os novos valores dos produtos alimentares, serviços essenciais como gás e eletricidade, combustíveis, prestações de crédito habitação ou rendas de casa.

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Tendo em conta que na maioria dos agregados familiares os rendimentos ainda não sofreram alterações, a escalada da inflação afeta cada vez mais o poder de compra dos consumidores, mesmo com o plano anti-inflação do Governo e as medidas que vão entrar em vigor com o Orçamento do Estado para 2023.

Segundo os dados mais recentes do Eurostat, em setembro de 2022, a taxa de inflação anual (variação homóloga) em Portugal - que é medida pelo IHPC (Índice Harmonizado de Preços no Consumidor) - registou o valor de 9,8%.

Dito isto, se está a olhar para as suas finanças pessoais e tem medo que a sua situação piore até ao final do ano, não espere por um cenário mais drástico para tomar medidas. Comece já a ajustar o seu orçamento familiar. Para quem está a pensar como pode fazer este ajuste, de seguida, apresentamos algumas soluções que podem ajudar a equilibrar a sua carteira.

Estratégia e decisões ponderadas

Embora o futuro seja incerto e ninguém saiba quando vai descer a taxa de inflação e até onde os juros do seu crédito vão subir, este é um momento que não deve tomar decisões por impulso. Na verdade, este é um momento que requer ponderar bem cada decisão e ter um pensamento estratégico quanto ao futuro.

E o que é que isto significa na prática? Que para diminuir os seus encargos e ajustar o seu orçamento familiar, precisa de estar mais informado do que nunca. Primeiro, é aconselhável estar bem informado sobre as medidas que o Governo vai implementar.

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Afinal, o combate à subida da inflação é uma das maiores preocupações atuais. E por isso, precisa de estar atento às medidas que vão ter um impacto direto nos bens e serviços essenciais, no aumento do salário mínimo e atualização das tabelas de retenção na fonte de IRS, e ainda às medidas que permitem aceder às famílias mais carenciadas (que beneficiam de tarifas sociais) poupar.

Já em relação ao crédito habitação, estão a ser avaliadas novas medidas que permitem renegociar as condições, face ao aumento das taxas Euribor que fazem disparar a taxa de esforço dos titulares dos contratos de crédito. E neste ponto, pode haver a possibilidade de aumentar a maturidade do seu crédito. Embora exista um impacto significativo nos juros totais a pagar no final do contrato, pode conseguir baixar a sua prestação mensal.

Além disso, para 2023 está prevista a suspensão temporária da exigibilidade da comissão de amortização antecipada do crédito habitação. Ou seja, se tiver uma poupança significativa que pouco ou nada está a render, talvez seja vantajoso amortizar o seu crédito habitação no próximo ano, uma vez que não tem de pagar esta comissão.

Por outro lado, também é preciso estar atento a encargos adicionais que pode ter, como é o caso do aumento dos impostos para quem tem veículos, ISV, IUC (Imposto Único de Circulação) e atualização do IMT (Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis).

Quanto às decisões até ao final do ano, estas requerem uma estratégica e o acompanhamento constante de uma calculadora. Antes de mudar contratos, faça contas e decida se esta é, realmente, a opção mais benéfica para si.

Quanto à compra de bens essenciais, faça sempre uma lista, compare preços em várias superfícies e opte por marcas brancas. Lembre-se que pequenas mudanças podem gerar folgas orçamentais. De seguida, apresentamos outras soluções para ajustar o orçamento familiar até ao final do ano e ainda conseguir poupar.

Reduzir despesas

Quando começa a tomar melhores decisões, analisando bem todos os seus encargos, contratos e soluções, pode gerar uma poupança de centenas de euros por mês. Mas esta poupança pode levá-lo a descuidar-se com as suas finanças pessoais se não ajustar o seu orçamento familiar.

O orçamento familiar permite-lhe olhar rapidamente para os seus rendimentos e despesas, e descobrir quanto dinheiro sobra no final do mês. Mas para estes valores baterem certo, é preciso atualizar o orçamento familiar regularmente.

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E com uma taxa de inflação muito elevada e os juros a subirem, o ideal é que esteja muito atento ao seu orçamento e faça atualizações ainda mais regulares. Afinal, a maioria dos encargos aumentaram nos últimos tempos. Se não tiver atualizado o seu orçamento, é bem provável que a gestão do seu dinheiro tenha sido ainda mais complicada.

Se seguiu algumas das dicas presentes neste artigo, muitos dos seus encargos podem ter diminuído ou ter ganho uma folga extra no seu orçamento. Mas para não gastar esta poupança em produtos/serviços não essenciais, é preciso definir uma estratégia para este valor e colocá-lo no seu orçamento.

Imagine que no seu orçamento não está previsto uma quantia para o seu fundo de emergência. Talvez esta deva ser a sua grande prioridade. E isto porquê? Porque em caso de perda de rendimentos ou despesas inesperadas, o seu fundo de emergência pode salvá-lo de pedir um novo crédito ou ficar numa situação de incumprimento.

Regra geral, o fundo de emergência deve cobrir todas as despesas essenciais durante o período de 6 a 12 meses. E se olhar para as suas despesas essenciais, atingir este objetivo pode levar algum tempo. Por isso, a poupança que obteve a reduzir certos encargos e ajustar o orçamento familiar, pode ser em parte destinada para alcançar este objetivo. O restante valor pode ficar na sua conta bancária de forma a cobrir eventuais subidas dos preços que possam acontecer nos próximos tempos.

Leia ainda: Como conseguir uma poupança para fazer face a despesas de 6 meses?

Para ajustar o orçamento familiar renegoceie o seu crédito habitação

2023 pode trazer algumas novidades quanto aos contratos de crédito habitação. No entanto, tendo em conta que a prestação da casa é uma das principais despesas do orçamento familiar das famílias portuguesas, é normal que caso o seu contrato esteja associado a uma taxa de juro variável esteja preocupado com a subida das taxas de juro.

Se a sua prestação foi revista recentemente, certamente a sua prestação sofreu um aumento. Este aumento pode ser mais ou menos significativo consoante o prazo da taxa Euribor, mas também das condições do financiamento. Agora, se acredita que com a subida da Euribor é impossível poupar algum dinheiro com o seu crédito habitação, saiba que pode estar enganado.

Baixar o spread

A Euribor não é a única componente a influenciar a sua taxa de juro. O seu spread também tem um forte impacto na sua prestação e no valor final a pagar pelo seu crédito habitação. Afinal, com uma taxa variável, a TAN é composta pela soma da sua taxa Euribor (no prazo estipulado) e o spread.

No atual cenário, pondere renegociar o seu spread com o banco, principalmente se este tem um valor elevado. A maioria dos bancos estão a aplicar spreads nos novos contratos que rondam os 0,95% e 1%. Aliás, em certos casos específicos, há entidades que aplicam um spread de 0,85%. Claro que o spread tem em conta vários fatores, como os riscos e garantias do financiamento e o rácio entre o valor do empréstimo e o valor do imóvel.

Se tiver um spread muito superior a estes valores, a descida desta taxa pode ajudá-lo a diminuir o encargo com a sua prestação mensal.

Leia ainda: Como baixar o spread pode ajudar a equilibrar o orçamento familiar

Casa de brincar em cima de monte de moedas com relva por baixo simbolizando poupar no crédito

Aumentar o prazo do contrato

Outro dos pontos que pode renegociar é a maturidade do seu contrato, como já referimos. Se aumentar o prazo do seu crédito em cinco anos também pode conseguir reduzir a sua prestação mensal. Imagine que tem um capital em dívida de 120.000 euros, um spread de 1%, uma taxa Euribor a 6 meses e faltam pagar 360 prestações. Isto significa que se a sua prestação fosse revista em novembro (aplicando a Euribor de setembro de 1,596%), pagaria uma prestação de 480,16 euros.

Ao estender o prazo por mais cinco anos, 420 prestações, a sua prestação ficaria durante 6 meses a 435,19 euros. Esta é uma poupança mensal de 44,97 euros. Contudo, tenha em conta que pagará mais juros no final do contrato.

Já se o seu objetivo não for ganhar uma folga financeira e sim estabilidade durante este período, deve pedir simulações para um crédito habitação com taxa fixa ou com uma taxa mista.

Independentemente dos seus objetivos, caso o seu banco não esteja disponível para renegociar o seu contrato, pode transferir o seu crédito habitação para outra entidade. Por norma, a transferência de crédito para outra entidade que cubra todas as despesas da operação, tende a ser mais vantajosa.

Leia ainda: O que é a transferência de um crédito habitação?

Seguros do crédito habitação também podem ser transferidos

Antes de finalizar o seu contrato de crédito habitação, os bancos falam da obrigatoriedade de contratar os seguros de vida do crédito habitação e seguro multirriscos. Por norma, nessa altura, os bancos incentivam a contratação destes dois seguros com as seguradoras parceiras do banco ou junto da própria entidade através de uma pequena redução no spread.

Contudo, saiba que não é obrigado a contratar estes seguros junto do seu banco nem os manter na mesma seguradora. Caso pague um preço demasiado elevado por estes dois seguros, é aconselhável procurar outras soluções junto de outras seguradoras. Se as apólices deram direito a uma bonificação no spread, o banco pode aumentar o spread por retirar estes dois seguros do contrato.

Mesmo com uma subida do spread, em muitos casos, compensa mudar os seus seguros para outra seguradora. É possível poupar centenas de euros num ano com esta alteração. Assim, peça várias simulações, faça contas, pois esta é uma forma de ajustar o orçamento familiar antes do fim do ano.

Analise carteira de seguros antes de ajustar o orçamento familiar

Ao longo da vida, existe uma tendência ou necessidade de contratar vários seguros. Por isso, é normal que a sua carteira de seguros seja composta pelo seguro automóvel, seguro de vida do crédito habitação, seguro multirriscos, seguro de saúde e até outro tipo de seguros associados a produtos financeiros, como cartões de crédito.

E neste ponto, não tem obrigatoriamente de cortar uma apólice de seguro para reduzir os seus encargos. A menos que tenha seguros com coberturas repetidas e não esteja a compensar o pagamento da apólice. Nestas situações, sim, faz sentido analisar ao pormenor cada apólice e ficar com a mais vantajosa para si.

Caso não tenha dois seguros idênticos para a mesma finalidade, a poupança pode passar pela revisão das apólices ou até mudar de seguradora. Quando contrata um seguro, é provável que a apólice seja composta por coberturas que na altura faziam sentido para si e para as suas necessidades. No entanto, as necessidades vão mudando ao longo dos tempos. Logo, pode estar a pagar por coberturas que atualmente não fazem sentido.

Além disso, para quem contratou certos seguros há vários anos, pode não estar a beneficiar das melhores condições do mercado. Com a concorrência a aumentar, o valor de muitas apólices de seguro (sem remoção de coberturas) é mais baixo comparado com contratos mais antigos. Por isso, peça para rever o valor da sua apólice e enquanto pede simulações junto de outras seguradoras. Se conseguir poupar umas dezenas de euros em cada seguro, será mais fácil ajustar o orçamento familiar.

Leia ainda: Poupar nos seguros? 11 dicas que podem ajudar a sua carteira

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Tem vários créditos? Consolidar pode ajudar a ajustar o orçamento

São muitos os agregados familiares em Portugal que detêm mais de dois créditos. Os dois mais comuns são o crédito habitação e o crédito automóvel, uma vez que estamos a falar de bens com um valor mais elevado. Mas além destes dois créditos, pode ter capital em dívida nos seus cartões de crédito, ter feito um crédito pessoal para comprar eletrodomésticos, uma intervenção na área da saúde, etc.

Se este é o seu caso e tem mais de três créditos, o crédito consolidado pode ser uma excelente opção para ganhar uma folga financeira no seu orçamento familiar. Afinal, se tem vários créditos, a soma de todas as prestações pode estar a levar uma grande fatia do seu ordenado.

Mas quando opta por consolidar todos os créditos num só, fica a pagar uma única prestação. E em comparação esta é mais baixa ao total que paga por todas as prestações de crédito. Isto acontece porque, regra geral, a taxa de juro de um crédito consolidado é mais baixa de que a média das taxas de juros de outros créditos. Por exemplo, os cartões de crédito têm as taxas de juro mais elevadas entre os créditos pessoais.

Caso reúna os critérios para consolidar os seus créditos, pode obter uma poupança que até pode superar os 60%. No entanto, tenha em conta que a poupança varia de caso para caso, pois as condições são diferentes consoante o número e tipo de créditos que possui.

Leia ainda: Vantagens e desvantagens do crédito consolidado

Combustíveis: Compare preços e aproveite promoções

Nos últimos tempos temos assistido a uma subida constante dos preços dos combustíveis, tanto a nível da gasolina como do gasóleo. Embora o imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos (ISP) tenha sido revisto e tenha sido implementado o Autovoucher entre 2021 e 2022, a verdade é que abastecer um veículo continua a pesar demasiado no orçamento das famílias.

Se precisa de utilizar o seu veículo diariamente, uma das soluções passa por comparar preços nas gasolineiras e optar pelas soluções mais vantajosas para si. Além disso, também pode fazer uso de certas promoções de algumas superfícies ou até das próprias gasolineiras na hora de abastecer. No entanto, é preciso que esteja informado sobre a subida ou descida dos combustíveis que entram em vigor todas as segundas feiras.

Mas se a utilização do carro não é essencial no seu dia a dia, para reduzir as suas despesas pondere começar a utilizar os transportes públicos, fazer deslocações de bicicleta ou quando o destino é mais próximo deslocar-se a pé.

Embora possa parecer uma opção um pouco drástica, esta pode gerar uma poupança mensal bastante atrativa. Imagine que por semana gasta cerca de 80 euros para abastecer o seu depósito. No final do mês tem uma despesa de cerca de 320 euros. Se não utilizar o carro diariamente, talvez precise apenas de dois depósitos. Ou seja, gasta mais ou menos 160 euros.

Caso more na zona de Lisboa ou do Porto, o passe de transportes públicos ronda os 30 ou os 40 euros. Isto quer dizer que se a maioria das suas deslocações forem feitas de transportes públicos, sobram-lhe entre 130 a 120 euros. Ao utilizar o carro menos vezes e para deslocações muito específicas pode poupar um valor muito significativo mensalmente.

Subida dos preços da eletricidade e gás: pondere o mercado regulado

Muitos portugueses ainda estão indecisos quanto à melhor opção a tomar quanto aos contratos de eletricidade e gás natural. Mas a verdade é que os preços já começaram a subir. Neste momento, a maior preocupação recai sobre a fatura do gás natural. E por isso, o Governo avançou com uma medida excecional que permite aos consumidores regressarem ao mercado regulado do gás desde outubro e durante 12 meses.

No mercado regulado, o gás natural é fornecido por comercializadores de último recurso (CUR). Contudo, os preços são definidos pela ERSE (Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos), tratando-se assim de uma tarifa regulada. Em termos de preços, estes são fixados ao ano, que tem teve início no dia 1 de outubro e termina a 30 de setembro 2023). Mas é preciso chamar a atenção que este valor pode ser revisto trimestralmente. Atualmente existem em Portugal 12 comercializadores de gás natural no mercado regulado.

Já no mercado livre, os preços não são definidos pela ERSE, mas sim pelas empresas. Estas podem fixar livremente as tarifas e condições comerciais, mas têm de seguir as regras da concorrência de acordo com a lei e o Regulamento das Relações Comerciais. Dado que existem 17 comercializadores no mercado livre, este é um mercado mais competitivo devido à concorrência.

Caso esteja a pensar onde poderá poupar mais? A resposta depende. Há companhias que anunciaram uma subida dos preços para o triplo do valor. E nestes casos, a mudança para o mercado regulado pode compensar. No entanto, o melhor é fazer várias simulações antes de tomar uma decisão final. E para tal, pode utilizar o simulador da ERSE para comparar os preços.

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Quanto aos contratos de eletricidade, a solução é basicamente a mesma. Comparar preços antes de tomar uma decisão. No entanto, saiba que só podem voltar ao mercado regulado os clientes que têm uma potência máxima contratada até 41,4 kVa. Dado que no site da ERSE encontra os comercializadores de último recurso para fazer um contrato no mercado regulado, antes de fazer esta pesquisa recorra ao simulador de eletricidade para ajudá-lo a encontrar a melhor solução.

Leia ainda: Como poupar na fatura do gás

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Leia ainda: Como cortar custos? Reveja as suas despesas

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